A Copa do Mundo 2022, que será realizada no Catar de 20 de novembro a 18 de dezembro, pode ter impacto no faturamento da Ambev, maior fabricante de cerveja do país, “muito superior” ao registrado na Copa de 2018. O diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Lucas Lira, disse que o campeonato será realizado no verão pela primeira vez, beneficiando o consumo.
Os campeonatos anteriores foram realizados no meio do ano, quando o clima no Brasil é mais frio. O foco neste ano será na operação logística. O Zé Delivery, aplicativo de entrega da Ambev, será a marca oficial da Seleção Brasileira.
“A demanda será alta, nunca tivemos uma Copa do Mundo no verão, então estamos muito bem preparados para estabelecer um vínculo maior no consumidor”, afirmou Lira.
A Ambev divulgou nesta quinta-feira o balanço do terceiro trimestre. O lucro atribuído aos controladores caiu 12,5%, para R$ 3,108 bilhões, em relação ao mesmo período de 2021. A receita cresceu 11,3%, para R$ 20,587 bilhões.
O volume de vendas alcançou 46,256 milhões de hectolitros, recorde para um terceiro trimestre e alta de 1,3% em relação ao mesmo período de 2021. A Ambev afirma que o volume recorde reflete a retomada do consumo fora de casa no Brasil, em um ritmo de retomada pós-pandemia do que em outros países.
A receita líquida das operações brasileiras cresceu 19,7%, para R$ 10,768 bilhões. De acordo com a Ambev, o destaque no mercado brasileiro foi o segmento de marcas premium, como Chopp Brahma e Original. Apesar do maior faturamento, o segmento de cervejas no Brasil teve queda de 0,03% nos volumes, para 23,483 milhões de hectolitros.
A Anheuser-Busch InBev, controladora da Ambev e maior fabricante de cerveja do mundo, informou que o volume total de vendas cresceu 3,7% — na América do Norte caiu 1,3%.
A AB InBev teve um lucro líquido de US$ 1,43 bilhão no trimestre, 5,7 vezes os US$ 250 milhões no mesmo período do ano anterior. A receita do período foi de US$ 15,09 bilhões, alta de 5,7% em comparação com US$ 14,27 bilhões no terceiro trimestre de 2021.
O presidente da AB Inbev, Michel Doukeris, disse que a demanda do consumidor continua forte, apesar do contexto macroeconômico, especialmente no segmento de cervejas premium. De acordo com a empresa, fatores como a forte inflação estão sendo mitigados com aceleração da transformação digital, investimentos em marcas e reposicionamento de portfólio.
O segmento premium e superpremium sustentou o faturamento no México e na China, onde a empresa enxerga uma “excelente oportunidade”. Apesar dos impactos de restrições relacionadas à covid-19, os consumidores chineses mostram uma “demanda consistente”, com crescimento de vendas de mais de 20% da Budweiser e do segmento premium de cervejas.
No Brasil, disse Doukeris, a cerveja Spaten vem registrando “um crescimento fantástico”, acompanhado também de um bom desempenho da Brahma.
A cadeia de suprimentos da Ambev segue pressionada em razão da inflação. A Ambev destaca que os custos logísticos cresceram no Chile, no Canadá e na República Dominicana em razão da alta no preço do diesel. Já as operações do Panamá foram prejudicadas também pelos furacões Ian e Fiona, além dos protestos em larga escala registrados no país. A prioridade no quarto trimestre é de “estabilizar a cadeia de suprimentos”.
A indústria no Panamá, de acordo com Lira, foi “dura” no último trimestre, refletindo também falhas no fornecimento de vidro. “Por conta de um alto nível de importação, o volume sofreu ainda mais lá”, afirmou o executivo.
Fonte: https://valor.globo.com