Uma das indústrias mais relevantes no Paraná, a das bebidas, teve duas boas notícias em pouco mais de duas semanas. Quase no apagar das luzes de 2021, a Ambev anunciou que irá construir no estado uma nova fábrica de vidros, em um investimento calcular em R$ 870 milhões. Nesta sexta-feira (7), por sua vez, a cooperativa Agrária anunciou que já tem a licença ambiental para a construção da Maltaria Campos Gerais, uma fábrica de malte que deverá abastecer cervejarias locais e nacionais.
Ambos os aportes mostram a força desta indústria no estado, que, embora movimente menos do que a automobilística ou a de alimentos, gira bilhões na economia paranaense. Com isso, claro, cada vez mais atrai novas empresas. Números da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) mostram que em 2021 o Paraná abrigava cerca de 200 fabricantes de bebidas. Deles, 142 são de bebidas alcoólicas e o restante de não alcoólicas. Juntas, essas empresas geram cerca de 5 mil empregos diretos.
Os números colocam a indústria do Paraná entre as principais do país, sobretudo quando o assunto é cerveja. Com uma longa tradição cervejeira, principalmente na porção leste do estado, o Paraná tem desde o começo do século passado grandes empresas do segmento, como a Cervejaria Adriática (mais tarde Antarctica), fundada em Ponta Grossa em 1906, e a Cervejaria Atlântica, fundada em 1912 em Curitiba e mais tarde comprada pela Brahma.
Com as raízes cervejeiras, que resultam em mão de obra qualificada, e uma localização privilegiada que facilita a logística — as fábricas daqui enviam produtos principalmente para os estados vizinhos do Sul e cidades interioranas do Sudeste –, o Paraná se tornou o local ideal para as grandes marcas, como Ambev e Heineken, que vem sistematicamente aumentando seus investimentos em suas instalações.
No fim do ano passado, por exemplo, a Heineken concluiu a ampliação de sua fábrica em Ponta Grossa, em uma rodada de investimento de R$ 865 milhões. Com o aporte, a empresa aumentou 75% a capacidade de produção da unidade. Em janeiro do ano passado, por sua vez, a Ambev já havia anunciado investimentos de R$ 370 milhões na sua unidade ponta-grossense, para ampliar a capacidade de produção de cervejas puro malte e uma nova linha de envase para abastecer o Sul e o Sudeste.
Agora, além da produção em si, toda a cadeia tem sido privilegiada. E gerado empregos. A iniciativa de uma fábrica de vidros pela Ambev visa suprir justamente a falta destes importantes componentes na indústria de bebidas. Ao longo de 2021, diversas cervejarias tiveram dificuldades pela falta de envase e muitas marcas reduziram a presença de alguns produtos, como as long necks, nas gôndolas dos supermercados.
Da mesma forma, o aquecimento da indústria culminou no megaprojeto encabeçado pela cooperativa Agrária de construir uma grande maltaria nos Campos Gerais. A expectativa é abranger uma área plantada de 100 mil hectares de cevada, o que representa quase o dobro da área total dedicada à cultura no Paraná. A mataria isolará (ainda mais) o estado na liderança da produção de malte no país.