Ambev leva projeto de cultivo de lúpulo para Ribeirão Preto

O lúpulo brasileiro e o curupira estão cada vez mais distantes. Não faz muito tempo, os dois eram tratados como lenda por aqui. Porém recentemente um deles — o lúpulo— começou a se tornar uma feliz realidade, ainda que em escala pequena.

Vem de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, a nova iniciativa com o lúpulo —um dos ingredientes da cerveja, ao lado do malte, da água e da levedura. Localizada na Fazenda Pratinha, a Silver Hops fechou uma parceria com o projeto Fazenda Santa Catarina, da Ambev, para plantação e pesquisa da florzinha, responsável pelo aroma e amargor da cerveja.

Na região sul, o projeto da Ambev já começou a colher frutos. A Lohn Bier, de Santa Catarina, já lançou dois rótulos com o lúpulo de Santa Catarina: a Green Belly e, neste ano, a Toda Nossa, em parceria com a Ambev. A Colorado também usou o lúpulo nacional na hop Lager da linha Brasil com S, que valoriza ingredientes de biomas brasileiros e tinha também tapioca na receita —a cervejaria de Ribeirão Preto integra o portfólio da Ambev.

Por enquanto, a Silver Hops ainda está realizando os testes de adaptação climática para o cultivo da florzinha, que não tem vida fácil no país. Via de regra, o lúpulo precisa de muita exposição à luz, algo entre dez e 13 horas diárias, como acontece no verão europeu; ao mesmo tempo, gosta das temperaturas mais amenas do hemisfério Norte. A Silver Hops pretende dedicar 1,5 hectare para o cultivo de nove variedades do lúpulo.

“Nosso papel será complementar o trabalho que já está sendo feito com a agricultura familiar, trazendo ainda mais o olhar da pesquisa e da inovação. Com essas duas frentes, poderemos gerar transformações importantes na cadeia de produção cervejeira e no agronegócio responsável brasileiro”, afirma José Virgílio Braghetto Neto, responsável pela Silver Hops.

Para Felipe Sommer, coordenador do projeto Fazenda Santa Catarina, da Ambev, o projeto integrado “garante uma produção de lúpulo nacional de altíssima qualidade”. Para Sommer, é fundamental integrar os pequenos produtores no desenvolvimento do lúpulo, incluindo a ampliação e o acesso ao crédito. “O foco é desenvolver e escalar a produção do lúpulo brasileiro com apoio da Fazenda Pratinha, produtores, universidades, Aprolúpulo [Associação Brasileira dos Produtores de Lúpulo] e outros envolvidos”, afirma.

OUTRAS INICIATIVAS

Entre outras ações envolvendo o lúpulo brasileiro, tivemos em 2020 também a Braza Hops, uma german pils lançada pela Black Princess, do grupo Petrópolis —com lúpulos que floresceram em plantações de Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro.

Muito antes disso, a Baden Baden, de Campos do Jordão, já havia utilizado a florzinha cultivada na própria região, utilizada também em outras cervejas artesanais nas cercanias da Serra da Mantiqueira, sempre em pequena escala.

Já a Cuesta Cervejaria, de Botucatu, interior de São Paulo, lançou em 2019, em parceria com a Carranca, um pequeno lote de uma hazy IPA feita 100% com ingredientes locais.

Todas as iniciativas no desenvolvimento do lúpulo brasileiro são muito importantes para o mercado, que usa quase 100% do ingrediente importado, principalmente de países como Alemanha, República Tcheca e Estados Unidos. Um lúpulo que cresça com características do terroir brasileiro é fundamental para quem sonha em ver o país como uma nova referência de escola cervejeira no mundo.

Comente

plugins premium WordPress