Diante do desafio que o segmento de produção e distribuição enfrenta para se tornar mais sustentável, a Ambev está apostando na economia circular, onde nada se desperdiça. Tudo se recicla e se reaproveita. Há anos, a empresa tenta fazer decolar sua operação de embalagens retornáveis — enquanto 95% das latinhas de alumínio são recicladas, entre as garrafas de vidro, de cervejas, o índice fica abaixo de 20%.
— Nossa meta é, até 2025, ter pelo menos 50% da matéria-prima utilizada na produção dos vasilhames vindos de material reciclado — conta o vice-presidente de Sustentabilidade e Suprimentos da companhia, Rodrigo Figueiredo, acrescentando que, hoje, esse percentual é de 40%.
Como conseguir isso é o ‘X’ da questão, pois já são décadas de tentativas não tão bem-sucedidas. Ciente de que ninguém mais quer andar por aí com garrafas tilintando na sacola e que nem sempre há espaço em casa para guardar garrafas, a empresa criou o “casco virtual”.
Qualquer um que comprar garrafas de cerveja pode deixá-las no estabelecimento perto da sua casa, cadastrado, e ter “vasilhames virtuais”, que geram créditos, computados em um aplicativo. Assim, não precisa nem se deslocar por longas distâncias com objetos pesados nem trocar o engradado na hora — pode usar depois o crédito, na compra em outros lugares.
A iniciativa está em fase de teste ainda, mas a empresa espera, nos próximos anos, que ela alcance dimensões nacionais. Outra frente importante para a empresa é eliminar qualquer plástico que não seja biodegradável. O guaraná Antártica é o único que tem, desde o ano passado, quando o produto chegou ao centenário, 100% das garrafas feitas com plástico reciclável.
O alvo da vez são as embalagens que envelopam os pacotes de bebidas, conhecidas como shrink. Além de serem feitas de plástico, elas levam tinta, o que impedia sua reciclagem. Graças a uma tecnologia desenvolvida por uma das startups parceiras, a Deink Brasil, foi possível separar a tinta do plástico.
A parceria com startups é um trunfo da Ambev para tirar suas ideias do papel e tornar as metas de sustentabilidade factíveis. Essas parcerias são feitas por meio de projetos de aceleração — quando a startup recebe apoio financeiro e mentoria para apoiar e expandir seu negócio. Pelas contas de Figueiredo, mais de 50 startups foram aceleradas e R$ 15 milhões já foram investidos. Em outra frente, a empresa se prepara para lançar máquinas de reposição das bebidas, como um refil. A dificuldade é garantir a higienização das embalagens quando o consumidor chegar ao ponto de venda para comprar só o líquido. Por isso, o projeto, que ainda está sendo desenvolvido por uma dessas startups parceiras, a Avoid, vai passar pelo crivo e aprovação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Fonte: https://oglobo.globo.com