Ambev vai usar energia eólica em todas as unidades

Para utilizar energia eólica em todas as suas operações no Brasil nos próximos dois anos, a fabricante de bebidas Ambev está firmando parcerias com empresas do setor de energia com parques eólicos no Nordeste, como Neoenergia Oitis, 2W Energia e Engie Brasil Energia. Elas vão fornecer energia para a companhia por um prazo que pode chegar a dez anos.

A estratégia faz parte de um plano maior de descarbonização da companhia de bebidas, implantado há cinco anos. Desde 2020 a empresa já tem algumas parcerias do tipo, mas com companhias produtoras de energia solar – que vão coexistir com a nova fonte energética. A meta é chegar a 100% da produção utilizando fontes de energia “verde” até 2025 e levar e levar também essa alternativa para os estabelecimentos que vendem seus produtos.

“Deixamos de fazer contratos tradicionais de compra de energia no mercado livre, que é o comum no mercado, e procuramos parceiros que gostariam de investir em capacidade adicional para fazer projetos de longo prazo, em que fechamos contratos que viabilizam o investimento e construção de usinas eólicas por parte das empresas, de forma que a Ambev possa comprar a energia gerada”, afirma.

A Ambev não revela os valores envolvidos nem a capacidade total gerada que as empresas de energia eólica parceiras vão oferecer no âmbito do novo projeto. Mas, somente a Neoenergia Otis, por exemplo, possui 12 parques eólicos localizados na região Nordeste, com capacidade instalada de 566,5 MW. O “know-how” das empresas foi um fator determinante para a Ambev buscar parcerias.

“Não somos ‘experts’, mas consumimos bastante energia. Tendo o compromisso de ter energia renovável em 100% das nossas operações, começamos a procurar formas inovadoras e parcerias para fazer esse investimento de longo prazo”, diz Figueiredo.

No Brasil, a Ambev quer reduzir as emissões de carbono em 25% até 2025 e pretende zerar suas emissões próprias de carbono até 2030. Fora do país, a companhia já utiliza energias renováveis em toda a sua operação no Chile e na Argentina. Na Argentina, inclusive, possui um parque eólico para a geração de energia.

Em território brasileiro, porém, a Ambev viu uma de suas principais concorrentes, a Heineken, sair na frente em geração limpa, em especial de fonte eólica: em 2019, a cervejaria holandesa inaugurou um parque eólico em Acaraú (CE), que exigiu um investimento de R$ 400 milhões, e estabeleceu a meta de ter toda a sua operação sob energia renovável até 2023.

Foi em 2021 que a Ambev passou a utilizar fontes renováveis de energia na sua linha produtiva, que abrange 32 unidades no Brasil, entre cervejarias, fábricas de refrigerante, alumínio e rolhas. Uma das marcas da Ambev, a cerveja Budweiser, já é produzida desde o ano passado com 100% de energias renováveis.

O modelo de parceiros já vinha sendo testado desde 2020, quando a companhia anunciou a construção de 46 usinas solares para abastecer 94 centros de distribuição espalhados pelo país, em acordo válido por dez anos com as empresas Gera Energia, GD Solar, Copérnico e Brasol. “Inicialmente, pensamos: conseguimos produzir cerveja com energia renovável, recorda Figueiredo. Hoje, a Ambev possui 20 usinas em 20 Estados e pretende chegar a 46 em todo o Brasil até o fim do ano.

Como parte de uma estratégia global denominada The Energy Collective, lançada em abril, a companhia também busca ir além dos centros de distribuição, firmando acordos para levar energia de fontes renováveis a bares, restaurantes e pequenos estabelecimentos comerciais.

Em 2020, a Ambev anunciou uma parceria com a startup Lemon Energia, que fez parte do programa de aceleração da companhia e recebeu um aporte financeiro, para levar energia sustentável via geração distribuída de energia – quando a energia é gerada no próprio local – a 3 mil estabelecimentos comerciais de alguns estados, em especial Minas Gerais. O projeto está em fase de expansão para o interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e outros. Mas o plano é ambicioso: chegar a 250 mil estabelecimentos até 2025, com a redução de 290 mil toneladas de emissões de CO2 na atmosfera.

Fonte: https://valor.globo.com

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