Bares e restaurantes tentam construir plataforma aberta

Colocar em prática, o Open Delivery, um padrão único e aberto de programação para integrar diferentes aplicativos de entrega, cardápios digitais, sistemas de ponto de venda e de gestão de restaurantes, é a meta da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), para 2022.

Até o fim de fevereiro, 79 empresas de software devem finalizar os testes do novo padrão. O objetivo, segundo a associação, é conectar 150 mil restaurantes com softwares de ponto de venda compatíveis com o Open Delivery”.

“O Open Delivery facilita a entrada de outros concorrentes, permite um ajuste entre os fornecedores de software e reduz ineficiências operacionais para os restaurantes”, afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, que lidera a iniciativa.

O primeiro teste prático do Open Delivery foi feito em dezembro do ano passado na confeitaria Colombo, no centro do Rio de Janeiro, incluindo a padronização de cardápio e gestão de pedidos.

“O estabelecimento não precisará mais entrar em cada aplicativo para verificar os pedidos ou reajustar o valor de um item do cardápio, em cada plataforma”, diz Solmucci. Com o padrão, o restaurante consegue visualizar todos pedidos on-line, seja por aplicativos de delivery, WhatsApp ou site próprio, em uma única tela, na ordem de chegada. “Para evitar o transtorno operacional, hoje em dia, todo mundo opta pelo líder de mercado”, diz o executivo.

Além de oferecer uma interface única para pedidos e atualizações, o Open Delivey está em fase de construção de padrões para contratos entre estabelecimentos e aplicativos de entrega, bem como a conciliação de pagamentos, incluindo cartões, Pix e benefícios. Em uma segunda etapa, o projeto prevê a integração da malha logística de entregas.

O projeto iniciado em janeiro do ano passado, contou com R$ 3 milhões de 16 investidores incluindo Alelo, Ambev e Coca-Cola, bem como o suporte dos principais aplicativos de entregas do mercado, incluindo iFood, Uber Eats e Rappi, que dedicaram horas de desenvolvedores e profissionais especializados à iniciativa.

A adesão dos aplicativos ao projeto, entretanto, ainda não tem data para acontecer.

“Estamos na fase de construção e entendimento de como os sistemas de ponto de venda dos restaurantes e o nosso vão conversar para que a integração seja o mais fluida e padronizada possível”, diz Tijana Jankovic, presidente do Rappi no Brasil. “É um movimento que traz união e força para os restaurantes, mas ainda não vejo um início imediato”, afirma.

Roberto Gandolfo, vice-presidente de restaurantes e logística do iFood, diz que o momento é de estar perto e apoiar a iniciativa. “Ainda não temos uma decisão tomada da nossa plataforma”, afirma.

Solmucci diz que a Abrasel está ansiosa pela adesão dos grandes aplicativos como iFood e Rappi ao Open Delivery. “Com isso trazemos um exemplo de autorregulação e maturidade para outros setores”, afirma.

O AppJusto, o mais recente do setor, informou que está comprometido a aderir ao padrão aberto. “Com isso a gente combate o monopólio e a exploração”, afirma Rogério Nogueira, co-fundador do aplicativo lançado em agosto, que atua na cidade de São Paulo.

A Abrasel prevê terminar o ano com 25% das transações do setor acontecendo no padrão aberto. “São metas arrojadas mas possíveis”, afirma o presidente da entidade.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/01/21/bares-e-restaurantes-tentam-construir-plataforma-aberta.ghtml

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