O grupo Heineken, segunda maior cervejaria no país, fechou um acordo com a Cooperativa Agrária para comprar malte de origem brasileira a partir de 2023, quando passa a valer o contrato, que terá duração de dez anos. Para atender à demanda, a cooperativa investirá mais de R$ 1 bilhão em uma nova maltaria, a ser construída na região dos Campos Gerais (PR).
De acordo com a Heineken, a compra nacional vem para suprir a demanda de crescimento do negócio. “Essa iniciativa irá evitar a necessidade de importação adicional de malte”, disse ao Valor Carlos Eduardo Garcia, diretor de compras do grupo Heineken.
A companhia não revela quanto da produção do malte atualmente é nacional, mas explica que a maior parte da cevada (principal matéria-prima do malte) utilizada ainda é importada. “Com esse projeto, vamos dobrar a quantidade de cevada nacional”, afirmou Garcia.
Fontes do setor afirmam que cerca de dois terços da cevada utilizada para maltaria das cervejas do mercado brasileiro ainda é importada. O projeto da nova maltaria em parceria com a Heineken é liderado pela Agrária, de Guarapuava (PR), e une diversas cooperativas produtoras de cevada no Paraná: Bom Jesus (Lapa), Capal (Arapoti), Castrolanda (Castro), Coopagrícola (Ponta Grossa) e Frísia (Carambeí).
O início das atividades da maltaria está previsto para 2023. A fábrica deverá produzir anualmente 240 mil toneladas de malte – volume que hoje representa 15% da produção nacional – e tem previsão de gerar mais de mil empregos diretos e indiretos.
A Heineken argumenta que o projeto também será benéfico para a estratégia de ESG (sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança), aumentando a presença de malte sustentável em sua produção.
Entre as principais iniciativas está o programa Agrária de gestão rural, que mune os cooperados com ferramentas e informações relacionadas à agricultura sustentável e certifica aqueles que garantem altos padrões de qualidade e segurança dos alimentos, além de aspectos de saúde, segurança e meio ambiente.
A Agrária também possui a certificação FSA/SAI, por meio do programa de avaliação de sustentabilidade agrícola, uma das principais iniciativas globais de agricultura sustentável para a cadeia de alimentos e bebidas.
A escolha da região dos Campos Gerais se deu por conta do clima propício para a plantação de cevada, com um potencial de plantio que pode atingir até 100 mil hectares por ano. “Esse é um projeto construído a várias mãos, após uma série de estudos. A região escolhida para construção da maltaria é privilegiada, especialmente no que diz respeito à logística”, disse Jorge Karl, presidente da Cooperativa Agrária.
“Iniciamos essa empreitada de forma sólida, com base em critérios técnicos. Temos certeza que além de contribuir para o aumento da rentabilidade dos 12 mil produtores ligados às nossas cooperativas, também iremos beneficiar nossos parceiros comerciais”, completou.