Em breve, os salários e bónus pagos aos gestores da Heineken poderão depender de quão comprometidos estão estes líderes na luta contra as alterações climáticas, numa altura em que a segunda maior cervejeira mundial tenta encontrar forma de atingir o seu objetivo de zero emissões até 2040.
“Estamos a investigar como é que podemos ligar isto à remuneração executiva”, afirmou o CEO Dolf van den Brink, em entrevista à Bloomberg TV esta quarta-feira.
As empresas estão a enfrentar uma pressão crescente por parte de membros da administração, investidores e clientes para provarem que estão a dar passos significativos para aliviar o impacto no planeta. Os especialistas dizem que estabelecer a ligação ao vencimento executivo é um passo-chave para incentivar a gestão corporativa a atingir os objetivos climáticos.
A Heineken tem notado uma “aceleração notável” ao longo do último ano em como a ação climática tem conquistado importância entre os acionistas da empresa, afirmou Van den Brink, e como isso será um ponto-chave para atrair e reter futuros empregados. Ao mesmo tempo que existe uma maior compreensão entre os consumidores de que enfrentar o aquecimento global é crucial, Van den Brink diz não ter a certeza de que os clientes estarão dispostos a pagar um “valor premium” por melhorias verdes na cadeia de valor da empresa.
Cerca de 90% das emissões da Heineken provêm de fornecedores, embalagem e logística de armazenar e transportar a cerveja. O restante é gerado pela produção da bebida.
Reduzir as emissões na cadeia de valor é uma parte difícil. E é por isso que Van der Brink afirma que a Heineken poderá cortar ligações a fornecedores que não estejam a descarbonizar as suas operações de uma forma suficientemente rápida. Ainda é demasiado cedo para dizer quando é que isso poderá acontecer, disse o executivo.
Ao definir objetivos climáticos a curto prazo, validados pela iniciativa Science-Based Targets, a Heineken comprometeu-se a reduzir todas as suas emissões em 35% até 2030, em relação à base de 2018. E isso está também em linha com o Acordo de Paris, que pretende manter o aquecimento global abaixo dos 2 graus.
“Vejo que está a emergir rapidamente uma consciencialização de que isto é preciso ser feito”, disse Van den Brink sobre as promessas da Heineken. “Os dias em que se delegava isto à equipa de sustentabilidade e temas corporativos já estão longe.