O Brasil é sem dúvida, um país cervejeiro. São 1.549 cervejarias cadastradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, segundo o Anuário da Cerveja 2021, um aumento de 12% em relação ao ano anterior.
Dentro desse setor existe um profissional que é essencial para a produção da cerveja, desde a seleção de matérias-primas até a controle final de qualidade do produto e da gestão de uma cervejaria.
O Mestre Cervejeiro garante tanto que a fórmula da bebida produzida apresente o mesmo sabor, cor, espuma e aroma, de acordo com cada receita, mas também que o local de produção seja seguro, eficiente e que respeite o meio ambiente e os colaboradores.
O campo de trabalho é vasto. O profissional pode atuar tanto em uma pequena cervejaria quanto em grandes empresas. Só em 2021, as cervejarias brasileiras registraram 35.741 produtos e 45.984 marcas de cerveja, de acordo com o MAPA.
Para saber mais sobre essa profissão, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja conversou com Alfredo Ferreira, químico formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Mestre Cervejeiro pela Doemens Academy, da Alemanha. Ferreira também é Sócio do Instituto da Cerveja do Brasil (ICB), uma das principais escolas cervejeiras do país, localizada na cidade de São Paulo.
“O Mestre Cervejeiro é um profissional essencial na medida em que as empresas crescem, começam a se profissionalizar e se preocupar com qualidade e ganhos de produtividade e competitividade”, afirma Ferreira.,
Mercado em expansão
Segundo ele, muito embora a profissão seja centenária em países como a Alemanha, no Brasil apesar de recente, teve um expressivo crescimento nos últimos dez anos, acompanhando a expansão das cervejarias no país.
“A demanda explodiu nos últimos 10 anos, saindo de 129 em 2011 para 1.549 no ano passado, aumentando assim a demanda por Mestres Cervejeiros, que estão buscando se especializar para preencher os espaços que estão sendo abertos nas cervejarias”, explica o Mestre Cervejeiro.
Formação
Apesar da profissão não exigir formação de nível superior, para se tornar um Mestre Cervejeiro é preciso ter conhecimento técnico, pois o profissional comanda todas as etapas de produção da cerveja em grandes, médias e micro cervejarias.
“Engenheiros químicos, de alimentos, de produção, químicos e biólogos são formações desejáveis, mas o diploma por si só, não garante colocação nas cervejarias.”
O ideal, ele explica, é que a pessoa interessada em se tornar Mestre Cervejeiro busque primeiro uma experiência prática, trabalhando de fato em alguma produção, e então procure cursos de formação técnica e teórica que expanda os conhecimentos, mas já com alguma base adquirida na vivência na cervejaria.
Essa formação técnica, aliada à experiência prática e, preferencialmente, a uma formação universitária em cursos correlatos, são os requisitos essenciais para uma boa colocação do profissional no mercado de trabalho. Atualmente, cursos de formação técnica específicos para a profissão não são ainda oferecidos no Brasil, o que leva aos interessados na profissão buscarem a capacitação no exterior, em países como Alemanha, Estados Unidos ou Espanha.
Além do conhecimento técnico para exercer a função, o sócio do ICB acredita que é fundamental que o profissional tenha capacidade de gestão de processos e pessoas. “O Mestre Cervejeiro vai muito além da análise sensorial do produto. É um profissional que deve estar atento a temas que vão desde a produtividade, sistemas de qualidade, controle dos processos físico-químicos e microbiológicos, supervisão das atividades executadas pelos demais colaboradores da empresa envolvidos no processo de produção da cerveja, sempre preocupado com a segurança de todos e com o meio ambiente”, explica Alfredo.
Participação feminina
A participação feminina de Mestres Cervejeiras vem crescendo no país. “Quando iniciei minha trajetória na indústria há mais de vinte anos praticamente não havia mulheres atuando na área. Hoje vemos muitas mulheres à frente de cervejarias que são responsáveis pela produção de milhares de hectolitros produzidos no Brasil.
Ainda que a paridade absoluta não tenha sido alcançada, ele afirma ser bem mais comum a presença de mulheres no mercado de trabalho da cadeia cervejeira atualmente, em comparação quando iniciou a profissão. Vemos também crescer essa participação em sala de aula, de uma forma mais equilibrada”, comenta Ferreira.
Qualificação no setor de bebidas
O SINDICERV, como entidade representativa do setor, apoia todas as partes da cadeia produtiva da cerveja, ajudando a disseminar conhecimento regulatório e de negócios, a fim de auxiliar profissionais envolvidos com os mais diversos processos que trazem a cerveja da plantação ao copo. Confira no site mais informações sobre os procedimentos para registrar uma cervejaria ou estabelecimento cervejeiro.