Transformação do Consumo

Luiz Nicolaewsky, superintendente do Sindicato Nacional de Cerveja (Sindicerv)

Novas versões de cervejas têm impulsionado o consumo da categoria. É o caso das não alcoólicas, por exemplo, que passaram de 140 milhões de litros vendidos em 2019 para quase 198 milhões em 2020, chegando a aproximadamente 260 milhões de litros em 2021. “O setor incorporou ao seu portfólio inovações para atender todos os clientes em suas preferências. Os consumidores querem diversificar entre opções mais light, sem glúten, com vitaminas, sem álcool e até mesmo a puro malte”, revela Luiz Nicolaewsky, superintendente do Sindicato Nacional de Cerveja (Sindicerv), com exclusividade ao Jornal Giro News. Em 2021, o setor registrou crescimento de 7,7% em volume, ante 5,3% em 2020, alcançando 14,3 bilhões de litros.

Novos Canais de Venda

Além de mudanças no consumo, a pandemia trouxe ao setor a necessidade de se adaptar aos novos hábitos, em vista do fechamento temporário de bares e restaurantes. “As cervejarias descobriram uma nova forma de chegar ao cliente, por plataformas tecnológicas, o que justifica o expressivo resultado obtido em 2021. Houve um aumento significativo do chamado ‘off-trade’, que incluiu supermercados e comércio eletrônico, e acreditamos que este hábito deve continuar entre os consumidores.” Em faturamento, as vendas no varejo apresentaram alta de aproximadamente 11% em 2021, na comparação com 2020, totalizando R$ 208,8 bilhões. O avanço foi impulsionado pelas cervejas premium.

Consumo no Food Service

Para o superintendente, o food service segue como um parceiro importante para a retomada do setor, que deve ter performance positiva em 2022. “O brasileiro gosta de celebrar, de encontrar a família e os amigos em bares e restaurantes, mesmo com a adequação de novos modelos de consumo. Esses estabelecimentos correspondem a cerca de 60% do faturamento da venda de bebidas, segundo a consultoria KPMG”, explica. De acordo com Luiz, as tendências do mercado de cervejas estão relacionadas à atenção as demandas dos consumidores e ao lançamento de produtos regionais e opções consideradas mais saudáveis. “Também seguimos crescendo de forma significativa nas categorias premium”, finaliza.

Texto: Bruna Soares https://www.gironews.com

Heineken tira unidade de concentrados de Manaus e transfere produção para interior de SP

Grupo Heineken decidiu transferir sua unidade produtiva de concentrados para refrigerantes de Manaus para a cidade de Itu, no interior de São Paulo, onde também é produzido o portfólio de bebidas não-alcoólicas da companhia, que inclui as marcas FYsItubaínaViva SchinSkinka e Água Schin.

 A empresa afirma que, com a realocação, conseguirá otimizar a produção, aumentar a eficiência de toda a cadeia envolvida nesse processo, reduzir sua emissão de carbono e ainda acelerar a chegada dos produtos aos pontos de venda, “tornando-se ainda mais competitiva e alinhada às dinâmicas do mercado”.

A unidade de concentradas para refrigerantes da Heineken estava instalada na Zona Franca de Manaus (ZFM) e empregava 18 pessoas. A empresa argumenta que a decisão vinha sendo estudada antes da medida do governo federal de reduzir em até 25% o IPI dos setores produtivos, incluindo os xaropes de refrigerantes (a alíquota de IPI era de 8% antes do corte), e, portanto, não tem relação com a mudança na alíquota. Quem produz na ZFM está isento do imposto, e o corte tributário tem sido entendido por algumas organizações como redução de competitividade para as empresas dessa região.

“A decisão de transferir a operação de Manaus para Itu integra o plano de crescimento da companhia e de ampliação dos esforços dentro da agenda de ESG [sigla em inglês para meio ambiente, social e governança], como o de reduzir em 80% o volume de embalagens plásticas (PET) até 2025, movimento iniciado em junho de 2021”, disse a companhia ao Valor por meio de sua equipe de comunicação. Em junho, a empresa anunciou a retirada das embalagens PET acima de 1 litro de seu portfólio de bebidas não-alcoólicas.

A empresa diz que foi por essa decisão e por um longo estudo que decidiu por absorver toda a produção para a operação em Itu. “Nos permitirá ganhar em eficiência, em agilidade de transporte dos produtos para os pontos de venda e ainda reduzirá nossa emissão de carbono de transporte logístico.”

A Heineken diz que a transferência não impacta em aumento de mão de obra na unidade paulista, onde o quadro atual de empregados tem capacidade de absorver a linha de concentrados. Quanto aos funcionários de Manaus, a empresa diz que está negociando com o sindicato local o plano de desligamento. “Estamos oferecendo aos colaboradores um pacote de desligamento competitivo, além de suporte para recolocação profissional em outras unidade da companhia ou em empresas da própria região.”

A empresa também está em negociação com a liderança do sindicato local para finalizar o plano de transferência desta planta. Após isso, o plano é vender a propriedade.