Para Ambev (ABEV3), diversificação é desafio para cervejarias

A Ambev (ABEV3), no segundo dia do seu Investor Day, realizado nesta quarta-feira (13), mostrou algumas tendências que o mercado vem apresentando. Segundo Daniel Wakswaser, VP de Marketing da empresa, o mercado brasileiro está aumentando o consumo de cerveja premium, com mudança forte verificada nos últimos três anos.

“A gente foi de um volume de 61% do core (cerveja tradicional) para 48%. O core plus e o high-end (cervejas premium) quase dobraram: foram de 15% a 33% em três anos”, disse.

Wakswaser exemplificou que no Canadá se precisa de 34 marcas de cerveja para se atingir 80% de market share no setor, enquanto que no Reino Unido esse número chega a 38 marcas. Esses são dois mercados maduros.

“É o que chamamos de fragmentação. O mercado se torna mais fragmentado. O que aconteceu é que se diluiu também”, explica.

“Os consumidores aumentam seu repertório de marcas”, destaca. E as marcas premium têm ficado mais relevantes, de acordo com o executivo.

“Acreditamos que somos uma empresa baseada em portfólio. Temos que ter um portfólio diversificado”, destacou.

O foco da Ambev apresentado no evento para o mercado é nas cervejas Brahma (segmento core), Brahma Duplo Malte e Spaten (segmento core plus), Budweiser (premium) e Becks (high end).

Essa marcas são as prioridades, atingindo consumidores diferentes, destacou o VP da companhia, Daniel Wakswaser.

Ambev: projeções mantidas

No evento, Lucas Lira, CFO da empresa, disse ainda que a companhia mantém as expectativas para o ano iguais às divulgadas quando apresentou os resultados de 2021, em fevereiro.

“Estamos em um ano desafiador e com volatilidade. Janeiro foi um mês difícil, com um começo mais duro e pressão de preços de insumos, principalmente das commodities”, comentou o executivo.

Lira disse que a empresa mantém o crescimento orgânico, com aumento da receita líquida por hectolitro no volume. “Cerveja e não alcoólicos estão se recuperando depois de 2 anos”, acrescentou.

“Em 2022, há espaço para crescimento orgânico no Ebitda dos dois setores (cerveja e não alcoólicos)”, destacou.

Ainda sobre este ano, ele destaca a reabertura dos bares, dois carnavais pela metade e as festas de São João:

“Quando olhamos nosso setor, posso dizer que esse ano vai ser incrível”, disse, acrescentando que a “perspectiva do consumidor é muito boa”.

Água tônica

Também no Investor Day, Pablo Firpo, VP de Bebidas Não Alcoólicas da companhia, apontou os segmentos com potencial de expansão nos próximos cinco anos.

Na taxa de crescimento anual composto (CAGR, da sigla em inglês) de 2021-26 nas categorias de bebidas não alcoólicas da Ambev, a que mais tem projeção de crescimento é a de água tônica: 10,3%.

Pablo Firo apontou que o aumento do consumo de Gim, comumente misturado à água tônica, é um dos impulsionadores do segmento.

Na categoria de energético, o avanço projetado é de 8,8%, com o Red Bull (produto que distribui) e Fusion (energético acessível que fabrica).

A projeção de crescimento nos próximos cinco anos para bebidas sem açúcar, como o tradicional guaraná que fabrica, além do H2O e Pepsi (esses dois últimos a empresa distribui para a Pepsi), é de 7,1%.

Por fim, no segmento de bebida isotônica, a expectativa de avanço 2021-26 é de 4,4% para o Gatorade (distribui para a Pepsi).

Fonte: https://www.infomoney.com.br

Ambev se prepara para colher a primeira safra de lúpulo

Da flor à matéria-prima, a Ambev, que busca lugar como precursora no desenvolvimento sustentável e de qualidade do lúpulo brasileiro em larga escala, se prepara para uma nova etapa no cultivo do insumo. Após dois anos desde o início do projeto que fomenta e incentiva a produção local do ingrediente, a companhia realiza o 1º Festival de Colheita de Lúpulo na Fazenda Santa Catarina, em Lages (SC), e espera colher a sua primeira safra, que será destinada para a receita de cervejas locais.

O evento ocorre nesta quarta-feira (13) e inaugura oficialmente a fábrica de beneficiamento de lúpulo da Ambev, construída há dois anos, e representa a materialização de todas as iniciativas da companhia para a implementação do insumo que, até então, era pouco produzido no Brasil, dadas as condições climáticas. Além de impulsionar o desenvolvimento de uma nova cultura em solo nacional, o projeto beneficia diretamente a comunidade local, a agricultura familiar, a academia e o ecossistema cervejeiro.

A Head de Conhecimento e Cultura Cervejeira da Ambev, Laura Aguiar, afirma:

“O Projeto Fazenda Santa Catarina comprova como o trabalho colaborativo entre Ambev, pesquisadores e agricultores tem força para tornar o Brasil um potencial produtor de lúpulo de alta qualidade. Cada vez mais, queremos apoiar a academia brasileira com tecnologia e inovação para pensar novas formas do cultivo sustentável de ingredientes cervejeiros.”

A programação do festival conta com visita à lavoura de lúpulo da Ambev, música, bebidas e comidas típicas da região, além da ativação de marcas do portfólio da companhia, como a Colorado, conhecida pelos ingredientes brasileiros em suas receitas, e a Goose Island, com toda a sua experiência em lúpulos, e que, juntas, vão realizar durante o evento a brassagem da Santa Lupulina, uma receita feita com goiaba serrana local e lúpulo colhido diretamente da Fazenda Santa Catarina.

A SILVER HOPS

A produção de lúpulo brasileiro ganhou reforço em dezembro. A iniciativa de fomento e incentivo à cultura de lúpulo da Ambev fechou uma parceria que amplifica sua atuação, agora no Estado de São Paulo. Ao lado da agritech Silver Hops, implantada na Fazenda Pratinha, na região de Ribeirão Preto, a companhia pretende ampliar a produção de lúpulo genuinamente nacional e realizar pesquisas de desenvolvimento à cultura do insumo cervejeiro.

A Silver Hops nasceu com a missão de implementar soluções de alta tecnologia no cultivo de lúpulo e colaborar para o desenvolvimento da produção nacional do ingrediente, muito em linha com o que já vendo sendo realizado pelo Projeto Fazenda Santa Catarina desde 2020, em Lages, com o principal objetivo de estimular a agricultura familiar. A expectativa é de que, com essa parceria, sejam criadas possibilidades para o cultivo e desenvolvimento de lúpulo nacional de qualidade em outros estados.

Em 2020, quase 100% do lúpulo utilizado para produção de cervejas nacionais foi importado, seguindo a oferta de mercado para grandes cervejarias e artesanais. Hoje, o projeto Fazenda Santa Catarina, da Ambev, vê uma possibilidade de alavancar este cenário, como conta Felipe Sommer, coordenador do Projeto Fazenda Santa Catarina da Ambev:

“Estamos trabalhando integrados para garantir uma produção de lúpulo nacional de altíssima qualidade. Estamos acelerando esse processo com parcerias que possuem sinergias entre si e com um ecossistema engajado em trabalhar dia e noite para propiciar as melhores condições para o desenvolvimento de um lúpulo com qualidade no Brasil.”

A parceria também é vista com otimismo por José Virgílio Braghetto Neto, responsável pela Silver Hops e que hoje integra o ecossistema de inovações e projetos disruptivos da Ambev:

“Nosso papel será complementar ao trabalho que já está sendo feito com a agricultura familiar, trazendo ainda mais o olhar da pesquisa e da inovação. Com essas duas frentes, poderemos gerar transformações importantes na cadeia de produção cervejeira e no agronegócio responsável brasileiro.”

Segundo Sommer, o projeto deverá seguir um calendário de ações que visam eliminar as barreiras que atualmente impedem a evolução da cultura:

“Começamos desenvolvendo mudas com comprovação de origem, construímos uma planta de beneficiamento, criamos um modelo de fomento e incentivamos o uso do lúpulo nacional pelas microcervejarias. Entre os próximos desafios estão a regulamentação da cultura e ampliação de acesso ao crédito. O foco é desenvolver e escalar a produção do lúpulo brasileiro com apoio da Fazenda Pratinha, produtores, universidades, Aprolúpulo e outros envolvidos.”

Em agosto de 2021, um passo foi dado à verticalização da cadeia cervejeira. A Lohn Bier lançou uma cerveja totalmente brasileira, a Toda Nossa, uma Brazilian Pale Ale, com lúpulo, cevada e leveduras 100% nacionais, especificamente de Santa Catarina. Além da Toda Nossa, a Lohn Bier produz regularmente a Green Belly, produzida com lúpulos nacionais. A Colorado, outra marca do portfólio Ambev, também utilizou o lúpulo brasileiro em sua recente Hop Lager da Linha Brasil com S, que leva tapioca na receita.

MAIS TECNOLOGIA NA LAVOURA DE LÚPULO

Em setembro, a Ambev havia anunciado que, em parceria com a startup ManejeBem, levaria mais tecnologia às lavouras de lúpulo com uma ferramenta inteligente, capaz de promover melhor desempenho dos pequenos agricultores em sua cadeia produtiva.

Foi mais um passo para impulsionar a agricultura familiar do Estado de Santa Catarina, onde, em 2020, foi criado o Projeto Fazenda Santa Catarina, que fomenta o cultivo de lúpulo em solo brasileiro. Agora, a comunidade local, que já é beneficiada com as mudas da flor, infraestrutura, auxílio técnico e contrato de compra do ingrediente, contará também com a expertise da ManejeBem, descoberta e acelerada pela própria companhia em 2019, por meio do programa Aceleradora 100+, para melhorar o manejo agrícola e aumentar a produtividade de suas produções.

Com uma plataforma acessível e intuitiva, a ManejeBem conecta especialistas a produtores, facilita a assistência técnica, compartilha dicas sobre como plantar e colher, auxilia no planejamento da safra do ano e contabiliza os resultados esperados com aquela plantação, considerando indicadores sociais, ambientais e agronômicos. Além disso, com a ferramenta, os agricultores passam a contar com relatórios de gestão do negócio todos os meses.

Felipe Sommer, coordenador do Projeto Fazenda Santa Catarina da Ambev, contou na ocasião do lançamento:

“Estamos lidando com o desenvolvimento de um insumo que, até pouco tempo, era desacreditado de ser produzido com qualidade no Brasil. A Fazenda Santa Catarina vem conectando os principais atores do cenário do lúpulo nacional (Aprolúpulo, Secretaria da Agricultura, EPAGRI e universidades), que vêm sendo responsáveis pelo desenvolvimento da cultura. Com essa nova plataforma tecnológica, conseguiremos levar todo esse conhecimento para os nossos produtores no campo para que eles tenham resultados cada vez melhores e que as boas práticas sejam compartilhadas.”

O PROJETO DE LÚPULO EM SANTA CATARINA

Ao longo de um ano e meio, o Projeto Fazenda Santa Catarina trouxe quatro variedades de lúpulo para o país e, após testes de manejo e avaliação do potencial agronômico, começou a produção e doação de mudas para os produtores. Todo o lúpulo produzido foi utilizado na produção de novas cervejas, como a Green Belly, a Brazilian Blonde Ale, e a TodaNossa. Para os próximos anos , o projeto espera impactar cerca de 200 famílias.

A parceria entre a Ambev e ManejeBem tem rendido bons frutos. O piloto entre as empresas começou com o Projeto Roots, que estimula o uso de matéria-prima local para o desenvolvimento de novas cervejas, em estados como Maranhão, Ceará, Pernambuco, Piauí e Goiás. Com o impacto positivo do projeto frente às famílias participantes, que cresceu 250% desde sua criação, a companhia trouxe o mesmo modelo de atuação da startup agora para a região Sul do país.

Fonte: https://revistabeerart.com