Heineken passa a produzir em Alagoinhas, na Bahia

O grupo Heineken Brasil inaugura nesta sexta-feira (30) uma nova operação para produção da cerveja Heineken na cidade de Alagoinhas, na Bahia. O grupo atualmente já produz na cidade baiana cervejas como Bavaria, Devassa, Glacial, Kaiser, Schin, No Grau e Eisenbahn. A partir desta sexta, com investimento de R$ 135 milhões, será inaugurada a linha de produção da Heineken. A unidade também produz Skinka, Itubaína (Original e Retrô), Refrigerantes Viva Schin, Schin Tônica e água Viva Schin. 

O grupo, que está presente na cidade há 21 anos, emprega atualmente 636 pessoas diretamente e outras 300 indiretamente. Dos empregos diretos, 95% são de Alagoinhas. Dos indiretos, 100% são de Alagoinhas.

O diretor da Cervejaria Alagoinhas, Marcelo Araujo, explica que a unidade em Alagoinhas é a segunda maior cervejaria do grupo no Brasil. “Foram investidos cerca de R$ 135 milhões para a inauguração da linha de Heineken. A obra incluiu a montagem de 4 tanques horizontais, chamados de HORAPs e usados exclusivamente para o processo de fermentação de Heineken; ampliação da linha de vidro – a maior do grupo no Brasil em flexibilidade de produção para diferentes tipos de embalagens; nova embaladora para a linha de latas, permitindo a fabricação de diferentes produtos e embalagens e uma nova e moderna linha de chope”, explica Araujo. 

Diretor da Cervejaria Alagoinhas, Marcelo Araujo, indica que foram investidos R$ 135 milhões na nova planta. Foto: Divulgação

Diretor da Cervejaria Alagoinhas, Marcelo Araujo, indica que foram investidos R$ 135 milhões na nova planta
Foto: Divulgação

O mercado do Nordeste, segundo Araujo, será o principal beneficiado com a nova linha de produção de Heineken. Contudo, ressalta que ‘não haverá diferenciação do preço’.

A linha de produção baiana será a primeira no Nordeste do grupo que tem outras três em atividade. Ou seja, a partir de hoje serão 4 linhas de produção da cerveja no país.  “A água é nossa principal matéria prima, sem dúvida a qualidade da água de Alagoinhas influenciou”, afirmou  Araujo sobre a decisão de criar uma linha de produção no estado.

O alto investimento do grupo na Bahia acontece dois anos depois do grupo fechar uma fábrica em Feira de Santana. “Há dois anos a empresa tinha uma outra estratégia de negócio e o encerramento das atividades fez parte desta fase. Alagoinhas veio da aquisição da Brasil Kirin, há pouco mais de um ano”, destaca Araujo. 
 
O diretor da Cervejaria Alagoinhas explica que a nova planta tem preocupações com a sustentabilidade. “Destacamos a implementação da logística reversa reintegrando a cadeia produtiva do fornecedor com o retorno do material reciclável para a produção de matéria-prima, a aplicação do lodo aeróbio como adubo orgânico nas áreas verdes para desenvolvimento de mudas não frutíferas, o lodo terciário e o carvão ativado entre outros resíduos de composição orgânica na produção de composto orgânico. Desta forma reutilizando estes materiais reduzimos o envio dos mesmos para aterros sanitários”. 

O grupo Heineken chegou ao Brasil em maio de 2010, após a aquisição da divisão de cerveja do Grupo FEMSA e, em 2017, adquiriu a Brasil Kirin Holding S.A (“Brasil Kirin”). A marca Heineken está presente em 192 países. Produzida e fermentada com ingredientes naturais, a Heineken possui exclusiva levedura A e processo produtivo unificado que, segundo o grupo, tem o mesmo sabor em todo mundo.  

Fonte: correio24horas.com.br

Cerveja mais sustentável

Veículos serão adquiridos da Volkswagen Caminhões e Ônibus ao longo dos próximos cincos anos pelas empresas que atendem a cervejaria; primeira unidade será entregue para testes ainda este ano.

A Volkswagen Caminhões e Ônibus anunciou, na segunda-feira, 20, que a Ambev terá 1,6 mil caminhões elétricos na frota de distribuição das bebidas produzidas pela marca. Os veículos serão produzidos na fábrica de Resende (RJ) e entregues até 2023. Com isso, 35% dos veículos de distribuidores que prestam serviços para a cervejaria serão movidos a energia limpa.

Dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica, a Ambev receberá a primeira unidade do e-Delivery, voltado a entregas urbanas, nos próximos meses. Por enquanto é um veículo de teste, que poderá receber alterações até o início da produção em escala, prevista para 2020.

 Foto: Wander Malagrine - M+Still - MAN | Wander Malagrine - MAN LAtin Am
Foto: Wander Malagrine – M+Still – MAN | Wander Malagrine – MAN LAtin Am

Segundo Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, fabricante dos veículos pesados da Volkswagen, esse é primeiro caminhão leve 100% elétrico feito na América Latina. O veículo foi desenvolvido no Brasil, utilizando soluções mundiais. O projeto foi contemplado no investimento de R$ 1 bilhão que o grupo tem programado para o período de 2016 a 2021.

O executivo diz que o preço do produto não está definido, mas, inicialmente, será muito acima de um modelo a diesel, pois só a bateria, importada da China, chega a ter preço equivalente ao de um caminhão a diesel. “Com o aumento da produção, os custos certamente vão baixar”, diz Cortes, que já tem vários fornecedores locais de outros componentes. Ele acredita que, ao longo dos próximos anos, alguma empresa deva iniciar a produção de baterias localmente.

Para a Ambev, o uso em suas operações de caminhões elétricos, que não emitem poluentes e são silenciosos, fazem parte do seu compromisso de reduzir em 25% a emissão de carbono em toda sua cadeia de valor (logística e produção) nos próximos cinco anos.

“Temos certeza de que esse projeto contribuirá muito para a construção do legado sustentável que queremos deixar para as próximas gerações”, diz Guilherme Gaia, diretor de logística e suprimentos da Ambev.

A empresa atualmente é atendida por frota de 4,8 mil caminhões, que vão sendo renovados gradualmente. Para abastecer os veículos elétricos, promete usar apenas energia adquirida de fontes limpas, como eólica e solar. O grupo também vai instalar painéis de geração de energia solar em seus centros de distribuição para abastecer os veículos. O caminhão tem autonomia para rodar até 200 km com a bateria carregada.

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Por que o Rio é a capital brasileira da cerveja

Esqueça a fama dos chopes aguados e sem espuma. O movimento das cervejas artesanais encontrou no Rio seu habitat natural. A capital fermenta uma cena para bebedor nenhum botar defeito: só de bares especializados são quase 200. Soma-se a isso uma produção premiada em concursos nacionais e internacionais, escolas de excelência e alguns dos maiores eventos do país.

Em setembro, a sexta edição carioca do Mondial de La Bière levou 45 mil pessoas ao Cais do Porto para quatro dias de maratona etílica, 1.500 rótulos disponíveis e 86 mil litros de cerveja consumidos. Das 103 cervejarias participantes, 72 eram locais. Além do festival há feiras, como Rio Craft Beer e Repense Cerveja. Mais: em outubro, a Oktoberfest desembarcou pela primeira vez na Marina da Glória. “O Rio é, disparado, a maior potência cervejeira do Brasil. Está no topo do movimento de artesanais, com 200 marcas ciganas fazendo bonito nos mais variados estilos”, decreta, com certo orgulho, Gustavo Renha, beer sommelier e CEO da Beer Break.

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Número de cervejarias cresce 23% em 2018

O número de cervejarias artesanais no Brasil cresceu 23% neste ano. São 835 negócios atuando no setor, conforme o estudo do geógrafo Eduardo Marcusso e do auditor fiscal federal agropecuário Carlos Vitor Müller.

O antigo número 679 cervejarias artesanais independentes em operação no Brasil, dando, neste ano, um salto para 835. O comparativo entre os dados de dezembro de 2017 e setembro de 2018 foi realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O crescimento é de 23% no período. São 16.968 produtos registrados por estas cervejarias, tendo ainda o Sul como a região com o maior número de cervejarias: 369. Na sequência o Sudeste aparece com 328, seguido pelo Nordeste com 61, Centro-Oeste com 51 e o Norte com 26.

Entre os estados, o Rio Grande do Sul ocupa o primeiro lugar em número de cervejarias com 179. No que diz respeito à quantidade de negócios deste tipo, São Paulo ocupa o segundo lugar com 144 e a lista segue com Minas Gerais 112, Santa Catarina 102, Paraná 88, Rio de Janeiro 56, Goiás 25, Pernambuco 18, Espírito Santo 16 e Mato Grosso com 12.

“O volume de público interessado e comprando a bebida artesanal também está se ampliando. Entendemos que a expansão na oferta faz com que mais pessoas sejam atendidas e percebam sensorialmente os diferenciais dos produtos artesanais”, comenta Carlo Lapolli, presidente da Abracerva.

Fonte: Mapa

Fonte: Revista da Cerveja

O Brasil desejado pelos cervejeiros

Diante de um conjunto de desafios que os próximos governos – tanto da esfera federal quanto da estadual – terão de enfrentar para buscar um ciclo duradouro de crescimento econômico, a indústria da cerveja reforça seu compromisso com a criação de empregos de qualidade, aumento de produtividade e inovação. O que precisamos é de carga tributária menor e parceria entre governo e indústria na estruturação de estratégias nacionais de desenvolvimento.

A indústria da cerveja representa cerca de 2% do PIB nacional e concentra o maior potencial de geração de postos de trabalho formal em toda a cadeia produtiva, tendo, portanto, papel fundamental na retomada de crescimento econômico do Brasil.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada R$ 1 investido na indústria da cerveja, R$ 2,5 são gerados na economia, e segundo estudo da FGV, cada novo posto de trabalho na indústria gera 50 novos na cadeia produtiva. O setor cervejeiro é o que possui maior efeito multiplicador da economia.

São, atualmente, 2,7 milhões de empregos diretos e indiretos, R$ 24 bilhões anuais de massa salarial e R$ 25 bilhões ao ano de geração de impostos no País, e mesmo nos períodos de maior crise econômica que assola o Brasil desde 2008, o índice de empregos nas cervejarias cresceu 5,4% entre 2009 e 2014, de acordo com o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho.

No mesmo período, a indústria em geral melhorou, em média, somente 2,1%. O Brasil é um dos mercados mais promissores do mundo para qualquer atividade econômica, atraindo olhares do exterior. Tem amplas condições de superar os desafios impostos, estimulando o investimento, o empreendedorismo e a inovação, com base em segurança jurídica, previsibilidade e plausibilidade.

Entretanto, deve-se ter em mente que a instabilidade , a insegurança jurídica e a sonegação fiscal têm gerado um ambiente de elevado custo para o investimento, que serve como freio ao crescimento da economia.

Precisamos de uma gestão pública que promova benefícios para os cidadãos e estimule atividades produtivas, em vez de onerá-las. A indústria cervejeira está disposta a dialogar para a construção conjunta de alguns caminhos.

Luiz Nicolaewsky é superintendente executivo do Sindicerv

Veja em DCI

Já são 835 cervejarias em operação no Brasil

Em nove meses, graças à expansão da cerveja artesanal, saltou de 679 para 835 o número de cervejarias em operação no Brasil. O comparativo entre os dados de dezembro de 2017 e setembro de 2018 foi realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O crescimento é de 23% no período. São 169.681 produtos registrados por estas cervejarias. O Sul ainda é região com o maior número de cervejarias (369), seguido por Sudeste (328), Nordeste (61), Centro-Oeste (51) e Norte (26).

Entre os estados, o Rio Grande do Sul ocupa o primeiro lugar tanto em número de cervejarias (179) quanto em densidade (cervejarias X habitante). No que diz respeito à quantidade de negócios deste tipo, São Paulo ocupa o segundo lugar (144) e a lista segue com Minas Gerais (112), Santa Catarina (102), Paraná (88), Rio de Janeiro (56), Goiás (25), Pernambuco (18), Espírito Santo (16) e Mato Grosso (12).

O geógrafo Eduardo Marcusso e o auditor fiscal federal agropecuário Carlos Vitor Müller são os autores do estudo que revela os números. Eles destacam a importância da transparência ativa dos dados públicos e como estes contribuem para gerar uma ambiente setorial mais estruturado.

Para o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, o crescimento significativo é acompanhado pelo aumento da representatividade do setor no consumo:

“O volume de público interessado e comprando a bebida artesanal também está se ampliando. Entendemos que a expansão na oferta faz com que mais pessoas sejam atendidas e percebam sensorialmente os diferenciais dos produtos artesanais. Depois do impacto positivo no paladar, o público vai se informar e perceber que a diferença entre as artesanais e comerciais não está só no copo, mas em toda a cadeia produtiva.”

Na soma de cervejarias figuram apenas as registradas e com fábrica própria, portanto se forem acrescentadas as ciganas (legalmente constituídas com produção em terceiras) e as não registradas no MAPA (ilegais) a quantidade é bem maior.

Em produção de cerveja, o Brasil só perde para a China e os Estados Unidos. São 140 milhões de hectolitros (ou 14 bilhões de litros) anuais, e a tendência é crescente nos últimos 30 anos. Enquanto o Brasil produz 140 milhões de hectolitros, a China 460 milhões, os EUA 221 milhões, a Alemanha 95 milhões e a Rússia 78 milhões.

Mulheres assumem postos-chave

Folha de S. Paulo (Revista da Folha)

No universo cervejeiro, não existe posto que a mulher não ocupe. Estão na produção de insumos, na fábrica, na distribuição, no escritório, no bar, na sala de aula e no evento.

E, segundo elas, cada vez mais. Pode ser dito que estão retomando seu lugar. Isso porque no início, enquanto homens saíam para caçar ou guerrear, eram elas que preparavam as bebidas da família. Diz a Larousse da Cerveja (ed. Larousse) que o domínio feminino da produção diminuiu só no final do século 18, quando o “negócio” atraiu a presença masculina e a produção ganhou tamanho.

Mas, no século 21, elas ainda têm que escutar “tão pequenininha, bonitinha e faz cerveja?”. Elas, então, explicam, rebatem ou colocam a mão na massa a fim de acabar de vez com esse papo machista.

Abaixo, saiba mais sobre: a sommelière Kathia Zanatta, do Instituto da Cerveja; a sócia do bar Ambar, Julia Fraga; a gestora de eventos do setor, Luana Cloper; a mestre-cervejeira Fernanda Ueno; a empresária Luiza Tolosa, da cervejaria Dádiva.

Kathia Zanatta, 34

Quando, no começo do curso de engenharia de alimentos, Kathia Zanatta decidiu que iria pra Alemanha trabalhar numa cervejaria, ela não gostava de beber. Sonhava, sim, em se envolver com a produção.

E conseguiu. Em um janeiro (congelante), acordava às 4h30 e ia, no escuro, pés afundando na neve, até a fábrica da Paulaner, em Munique. O chefe logo perguntou à ex-bailarina se não preferia uma vaga em marketing. Naquela cervejaria a presença de mulheres era incomum. “Por uma semana me deixaram na adega lavando o chão. O começo foi tenso.”

Isso foi há 12 anos. Hoje, o machismo passa reto pela engenheira, que costuma estar à frente de dezenas de alunos nos cursos que conduz em seu Instituto da Cerveja, em Moema, na zona sul de São Paulo.

Ao retornar ao Brasil, passou bons anos na então Schincariol (hoje Brasil Kirin). Fez cervejas na Baden Baden, onde viu quem estranhava uma cervejeira com sacos de malte (“mulher tem que esquentar a barriga no fogão, não aqui”, já ouviu) admitir que ela faria falta. “A dúvida do começo virou respeito quando eu mostrei que era competente no meu trabalho.”

Foi naqueles meses de Alemanha que ela se apaixonou pela cerveja. Na indústria, foi se aprofundando nos rótulos especiais e surgiu, então, a possibilidade de dar cursos na ABS (Associação Brasileira de Sommeliers). Em 2010, ela e o marido criaram o Instituto da Cerveja (hoje com várias especializações).

Apesar da falta que sente do chão de fábrica, Kathia se satisfaz formando outras sommelières -elas correspondem a 30% do total de alunos do instituto (algumas das que aparecem nas páginas seguintes, inclusive, passaram por sua sala de aula).

Julia Fraga, 26

Dos adjetivos que um bar poderia receber, Julia Fraga escolheu “hospitaleiro”. Antes de abrir no ano passado o Ambar, em Pinheiros, na zona oeste paulistana, ela e o noivo passavam pelas casas pensando o que gostavam em cada uma. Ao fim, queriam um lugar que recebesse bem a todos, independentemente de ser ou não um conhecedor de cerveja, um “geek barbudo”.

Para o casal de administradores, a cerveja surgiu no copo e depois como oportunidade para empreender. “É um mercado potencial, que está começando e aprendendo também”, conta ela. “Os fornecedores ainda estão aprendendo. Então, todos têm que se ajudar.”

Foram estudar o produto e provar cervejas para preencher as 15 torneiras do bar -ao todo, mais de 300 passaram por ali. Elas ficam nos barris dentro da câmara fria, atrás do balcão, para que suas propriedades sejam conservadas.

Nesse mercado ainda tão masculino, Julia escolhe o caminho da sutileza. A jovem encara as medidas dos pés à cabeça seguidas de “mas você bebe cerveja?” com tranquilidade. “É algo novo para as pessoas. Depois de uma conversa, o preconceito não continua. Às vezes, até se envergonham do que disseram.”

Preconceito também por trabalhar em bar. “Você vai trabalhar ou só ficar aqui?”, já ouviu ela.

Enquanto bebe uma Perro Libre Sorachi Berliner, que leva o nome do lúpulo usado na receita, de pouco álcool e aroma de limão-siciliano, Julia conta o que houve outro dia. “Achamos que essas coisas não existem mais, mas apareceu aqui um cara com uma cerveja chamada Puta Beer, com a imagem de uma pin-up. Guardei o cartão para não me esquecer disso.” A página do produto na internet complementa o conceito com o slogan: a cerveja que te satisfaz.

“Eu não lideraria um grupo de mulheres, não é da minha personalidade. Mas se isso não existisse, não prestaríamos atenção. Hoje, o mercado abomina esse tipo de ação.”

No bar (r. Cunha Gago, 129), ela e o noivo, que lhe apresentou esse mundo cervejeiro, dividem as funções de acordo com as predisposições. Ela costuma ficar de olho no salão, por exemplo. Cuidando pessoalmente do público, quase 50% feminino.

Luana Cloper, 35

Não sou seu amor, não sou seu benzinho. Estou falando de negócios.” E que envolvem cerveja. Gestora de três eventos desse universo, Luana Cloper apela a uma postura “de general” para impor respeito. “Não estou administrando uma festa.”

Ela está à frente do Brasil Brau (para cervejarias de todos os portes e fornecedores de produtos), do Degusta Beer & Food (evento dentro da Brasil Brau para consumidores) e do Mondial de la Bière (festival de origem canadense que ocorre no Rio de Janeiro).

Ao sair do segmento de moda e assumir esse portfólio, Luana mergulhou no novo tema. “Foi-se o tempo em que as empresas se adequavam aos conceitos dos eventos. Elas buscam locais que realmente correspondem aos anseios do mercado. Por isso, é preciso estar dentro das indústrias e cervejarias.”

Luana tem uma visão meio de dentro, meio de fora do mercado de cerveja. “Acredito que o caminho da artesanal é sem volta e que esse consumo só tende a crescer. Essa cerveja deslumbra o consumidor.”

A administradora vê o público que aprecia (e paga por) bebida artesanal crescer nos eventos -na primeira edição do Mondial, em 2013, eram 16 mil pessoas; na próxima, esperam-se 60 mil.

“A grande indústria percebeu isso com clareza. Em várias partes do mundo a gente vê as cervejarias artesanais sendo incorporadas por grandes grupos.”

Nos eventos, vê crescer também a presença feminina. “Não existe lugar em que elas não estejam e cada vez mais com destaque. Mas ainda há espaço para mulheres em cargos de mais responsabilidade. Mas isso faz parte de um processo, a cultura cervejeira do país é muito nova.”

Luiza Tolosa, 29

Aquele mercado potencial, que parecia independente dos canais de venda tradicionais, atraiu e deu segurança a Luiza Tolosa para que investisse nele seu tempo. Foi então estudando e se envolvendo. “Brinco que minha paixão pela cerveja é conquistada, não à primeira vista. Começou com trabalho mesmo, uma visão de negócio.”

Desde fevereiro de 2014, a cervejaria dela, a Dádiva, está em operação. “Não achei que empreender fosse tão difícil. Há uns meses fui para Portugal e o nível de discussão dos cervejeiros é outro. É uma briga por aumentar o mercado de cerveja artesanal, não uma briga por sobreviver”, conta ela.
“Aqui, entender a burocracia é um trabalho tremendo”, continua a empresária. “Quando você vê, gasta mais tempo para definir uma regra tributária do que criando um rótulo de cerveja, inovando em produto.”

A Dádiva começou pequena, com 10 mil litros instalados de tanque, Luiza e um cervejeiro. Hoje, são três galpões e a empresa abraçou a produção e distribuição de outras duas cervejarias ciganas -os ajudando com as questões que tiram o tempo de quem quer pensar na produção.

“Será que somos concorrentes? Talvez, mas o mercado gosta de pluralidade. É uma relação muito legal de troca de conhecimento. E se hoje temos esse tamanho, é por causa deles.”

Pequenos têm mesmo que se unir quando os grandes são vorazes. “Muitas artesanais estão com receio desse movimento de compra por grandes cervejarias. Falamos muito sobre o que houve nos Estados Unidos: a indústria não acreditou nas artesanais e perdeu muito mercado. Temos medo que as grandes não deixem ocorrer aqui o que ocorreu lá.”

Mesmo administrando tantas coisas, há quem bata na porta da fábrica e peça para falar “com o dono”. “Nunca é com a dona.”

Pois atitudes machistas fizeram com que ela e outras cervejeiras criassem, em 2016, o Ela, um coletivo de mulheres que produziu um rótulo e doou o lucro para uma instituição envolvida com a causa feminina. “Passamos por questionamentos toda hora. Não é só: ‘Deixa eu te contar sobre cerveja’. É ‘deixa eu te contar que sou uma mulher que sabe de cerveja’. Talvez os homens não precisem pedir para serem ouvidos.”

Fernanda Ueno, 30

Nas férias de 2009, quando Fernanda Ueno voltou para Ribeirão Preto (interior paulista), bateu na porta da Colorado. Fez três meses de estágio na cervejaria e, a partir daí, passava algumas horas lá quando ia à cidade. Ela já estudava engenharia de alimentos, em Florianópolis, e produzia cerveja em casa.

Em 2012, entrou definitivamente na empresa, tornou-se supervisora de produção. Estava na Califórnia se formando mestre-cervejeira quando soube da compra da Colorado pela Ambev. O susto passou ao retornar. “A equipe cresceu, mudamos de fábrica e conseguimos melhorar bastante a qualidade.”

Hoje, é “head brewer” da Colorado, um papel importante na qualidade da cerveja. Comanda não só esses tanques, mas também os da Japas, cervejaria cigana que criou com quatro colegas. “Dizemos que é uma forma de realmente ir atrás das nossas origens.”

Teve início como uma brincadeira, de 40 litros. As descendentes usavam nas receitas umê (ameixa japonesa), chá de cevada e wasabi -e esta foi a favorita, uma american pale ale. Depois, veio uma pilsen com flor de jasmim. Outras estão na cabeça, para serem produzidas em até 2.000 litros por lote. “Para ter um chope mais fresco.”

Quando começou na produção, eram poucas as mulheres na área. É um trabalho pesado, “mas descobri que não preciso ser forte, preciso ter jeito”. Ela sobe nos paletes e assim descarrega 50 quilos de malte. “Gosto de descobrir as formas mais eficientes de fazer.”

“Tem muita cervejaria que em festivais objetifica as mulheres que servem cerveja, tirando o foco da bebida. É ruim e acontece até hoje. O mesmo cara que bebe lá vai ao nosso estande achando que a função é a mesma, e não que você faz a cerveja e envasa”, diz. “É um mercado muito masculino, que muda a passos de formiga. Mas muda.”

Um mercado que evolui mais rapidamente sua bebida. “Estamos num momento bom, acompanhando o que ocorre no mundo e com cervejas tão boas quanto as americanas”, diz. “Temos o que desenvolver, inclusive a engessada legislação, mas os cervejeiros estão mais e mais criativos.”

O setor em números

A cerveja, presente em quase todas as culturas, é muito mais do que uma escolha de bebida. Ela tem se tornado um elo que conecta comunidades locais e, ao mesmo tempo, fortalece a interação global. Como apontado em estudo da Oxford Economics, a cerveja é “um produto local com alcance global”, o que significa que, mesmo quando apreciada em outros continentes, ela mantém uma conexão com a cultura de onde é produzida.


Esse impacto, que une o local ao global, pode ser visto tanto nos estilos de cerveja — moldados por tradições ancestrais, regionais e ingredientes únicos — quanto na relevância econômica que o setor cervejeiro gera. O setor movimenta cerca de US$ 878 bilhões em contribuição ao PIB global, sustentando cerca de 33 milhões de empregos diretos e indiretos. De cada 100 empregos pelo mundo, um está na cadeia cervejeira.

Produção global:

O mercado global de cerveja alcança 1,88 bilhão de hectolitros (dados de 2023).

Os maiores produtores do mundo

  1. China
  2. Estados Unidos
  3. Brasil
  4. México
  5. Alemanha

O mercado cervejeiro do Brasil em números

A resiliência da indústria cervejeira, que se fortaleceu para o futuro mesmo após os impactos da pandemia, é mais uma prova de sua capacidade de adaptação e de seu papel essencial nas economias locais. No Brasil, que ocupa o terceiro lugar como maior mercado mundial, a cerveja tornou-se um importante vetor de investimentos e inovação, contribuindo para a arrecadação fiscal e para o desenvolvimento de fornecedores, especialmente na cadeia de insumos e embalagens. A cerveja é a bebida dos brasileiros e tem trazido cada vez mais brasilidade ao copo, desde o campo.

A história e a diversidade da produção de cerveja ao redor do mundo refletem um verdadeiro mosaico cultural. A cultura cervejeira se manifesta de maneiras diversas, moldada por fatores como história, geografia, disponibilidade de recursos e tecnologia.

Na Alemanha, onde se preserva a tradição centenária, a produção é marcada por técnicas que honram os ingredientes simples e a precisão técnica. Nos Estados Unidos o movimento de cervejas artesanais revolucionou a indústria contemporânea, olhando para a herança da Inglaterra que trouxe influência em cervejas de vários estilos, além da cultura dos pubs como ponto de encontro na rotina. 

Na Bélgica, a criatividade brilha nos estilos complexos de fermentações espontâneas e do uso de frutas e especiarias locais. No caso de países como o Brasil, os produtores têm inovado ao incorporar ingredientes locais, como frutas tropicais, microorganismo, raízes, diferentes cereais e madeiras nacionais, que trazem uma identidade própria e valorizam o terroir da região.

No mundo todo, em diferentes continentes e países, a cerveja vem se transformando e carregando importantes marcos tecnológicos e também legislativos junto. Do Velho ao Novo Mundo, a cerveja é uma forma de celebrar pequenos e grandes eventos.

Essa diversidade da cerveja, com cada país refletindo suas tradições, ingredientes e preferências, também serve como uma plataforma de diplomacia. Em eventos internacionais, a cerveja permite a criação de laços interculturais, transformando-se em um ponto de celebração que vai além das barreiras políticas e linguísticas. 

Assim, a cerveja não é apenas uma indústria de peso econômico e um símbolo de entretenimento. É também um ponto de encontro cultural, uma ferramenta de diplomacia que conecta pessoas e histórias ao redor do mundo. Ao levantar um copo, celebramos não só uma bebida, mas também a cultura, a política, a identidade e a união entre nações e povos.

Saiba mais: Fontes

Quer saber como registrar cervejaria?

No Manual para o Registro de Estabelecimento Cervejeiro você encontra as orientações completas sobre como registrar seu estabelecimento, sua cervejaria, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

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