Mais de 40 entidades assinam manifesto em defesa da modernização do sistema de controle de bebidas

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O Sindicerv é uma das mais de 40 entidades do setor de bebidas que assinam uma carta conjunta em defesa de modernização do sistema de controle de bebidas (leia a íntegra abaixo). A questão veio à tona diante de uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), contestada pelo Governo Federal no STF, que impõe o religamento do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), desativado em 2016 pela Receita Federal.

“O setor acompanha atentamente o andamento do processo e considera positivo o reconhecimento, por parte da Receita Federal, de que existem sistemas de controle de produção mais modernos e tecnologicamente avançados”, avalia o presidente-executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Márcio Maciel.

TECNICAMENTE INADEQUADO

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, concedeu, na última sexta-feira (4/4), liminar para suspender os efeitos das decisões do TCU que determinavam a retomada compulsória do Sicobe. A medida foi tomada no âmbito do Mandado de Segurança 40.235, impetrado pela União, via AGU, em 3 de abril.

Na decisão, o relator reconheceu a existência de fundamentos relevantes que indicam a competência legal da Receita Federal para definir e modificar obrigações acessórias, conforme previsto no art. 35 da Lei 13.097/2015, no art. 16 da Lei 9.779/1999 e no Decreto 8.442/2015. O ministro também destacou o risco de violação ao pacto federativo, à medida que o retorno ao Sicobe poderia impactar negativamente a arrecadação nos entes subnacionais.

A decisão ressalta ainda o risco orçamentário e fiscal, ao apontar que a reativação do sistema poderia representar uma renúncia de receita estimada em R$ 1,8 bilhão por ano, sem cobertura na Lei Orçamentária Anual – o que configuraria ofensa ao art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A Receita Federal e a Advocacia-Geral da União sustentam que o Sicobe é tecnicamente inadequado, juridicamente vulnerável e economicamente inviável. O retorno a esse modelo, segundo os argumentos acolhidos pelo STF, seria um retrocesso diante dos avanços tecnológicos já implementados, como o uso do Bloco K da Escrituração Fiscal Digital (EFD).

De acordo com Maciel, “essa sinalização dos órgãos governamentais está em sintonia com a evolução e a expansão da indústria de bebidas ao longo dos últimos anos. Reinstalar um sistema descontinuado há quase uma década – e que pode gerar custos desnecessários ao consumidor, ao Fisco e à indústria –, sem considerar os avanços já consolidados, representaria um evidente retrocesso para a administração tributária e para o próprio setor produtivo”.

Além da desatualização e do alto custo do sistema, a decisão do TCU, mesmo que indiretamente, também determina que o serviço seja prestado pela mesma empresa que operava em conjunto com a Casa da Moeda o sistema interrompido em 2016, impedindo que sejam considerados sistemas mais eficientes, transparentes e com custos mais adequados.

A Carta Aberta reforça o posicionamento desse segmento, unido para colaborar com a administração pública na criação de um sistema eficiente, transparente, aberto e não interventivo, sem custos que reflitam na inflação (via compensação ou inexistência de custos novos), que atenda a todos os processos de produção, com suas especificidades, e que esteja alinhado com o novo sistema tributário, regulamentado pela Lei Complementar 214/2022.

Com a liminar, permanecem válidos os Atos Declaratórios Executivos 75 e 94/2016, que desobrigaram o uso do Sicobe. O caso segue em tramitação para julgamento de mérito no STF.

Confira abaixo a íntegra do documento:

CARTA ABERTA

Manifesto em Defesa da Modernização do Controle de Bebidas

As entidades aqui representadas acompanham os desdobramentos do mandado de segurança (MS 40235) impetrado pela Advocacia-Geral da União (AGU) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a retomada do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), desativado pela Receita Federal (RFB) em 2016, após oito anos de vigência, devido à obsolescência e ao custo excessivo.

O papel do Sicobe ficou no passado, visto que nos últimos anos a própria RFB desenvolveu novos e modernos sistemas de fiscalização. Paralelamente a isso, o setor de bebidas cresceu em tamanho e investiu bilhões em tecnologia e inovação, garantindo mais eficiência, transparência e controle da produção em todas as etapas, do campo ao copo do consumidor.

Para se ter uma ideia, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, em 2016, havia 1.616 agroindústrias registradas como produtoras de bebidas não alcoólicas; em 2023, já eram 2.277. Em relação ao setor cervejeiro, existiam 493 cervejarias em 2016. Em 2023, o número aumentou para 1.847. Quando olhamos os dados de estabelecimentos produtores de cachaça registrados, em 2018 eram 951 e, em 2023, 1.217.

A adoção de tecnologias avançadas como blockchain, SPED e Nota Fiscal Eletrônica, todas operadas pela Receita Federal, tornaram obsoletos os modelos de controle físicos e pavimentaram o fim de uma era marcada por custos bilionários para os cofres públicos.

Se em 2016 o sistema já era considerado obsoleto, hoje tal cenário é ainda mais evidente. O mandado de segurança impetrado em 3 de abril reforça esse entendimento, não somente ao classificar a determinação de religamento do Sicobe de “grave ameaça à ordem administrativa, econômica e tributária”, mas também por considerar que a imposição implica na adoção imediata de um mecanismo “operacionalmente inviável, financeiramente insustentável e juridicamente irregular”.

O setor de bebidas sempre foi e continuará sendo parceiro da administração pública na implementação de sistemas que visem ao combate da sonegação. Todavia é impreterível que essas medidas sejam atuais e permitam que as empresas se concentrem em inovações e em qualidade, em vez de se perderem em custos e burocracias desnecessárias. As administrações tributárias mais modernas e tecnológicas, tais como aquelas presentes nos países da OCDE, realizam a fiscalização tributária do setor de maneira digital, eficiente e sem custos aos contribuintes.

Nesse contexto, o setor de bebidas está unido para colaborar com a administração pública na criação de um sistema: (i) digital; (ii) eficiente; (iii) transparente; (iv) aberto; (v) não interventivo; (vi) sem custos que reflitam na inflação (via compensação ou inexistência de custos novos); (vii) alinhado com o novo sistema tributário, regulamentado pela Lei Complementar 214/2025; e (viii) amplo, abrangente e que respeite as especificidades das diversas categorias.

O setor produtivo confia na impressionante jornada de modernização tributária brasileira e dos mecanismos de controle implementados pela Receita Federal ao longo da última década. Um novo sistema precisa ser amplo, abrangente e deve respeitar as especificidades das diversas categorias. O religamento de um sistema caro, obsoleto e inoperável implica um retrocesso incalculável para a nação.

  • Abbd – Associação Brasileira de Bebidas Destiladas
  • ABCBC – Associação Blumenau Capital Brasileira da Cerveja
  • Abia – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos
  • Abir – Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas
  • Abividro – Associação Brasileira das Indústrias de Vidro
  • Abrabar – Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas
  • Abrabe – Associação Brasileira de Bebidas
  • Abracerva – Associação Brasileira de Cerveja Artesanal
  • Abralatas – Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio
  • Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
  • AGM – Associação Gaúcha de Microcervejarias
  • Aicerva – Associação das Indústrias de Cerveja Artesanal do Espírito Santo
  • Aprolúpulo – Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo
  • Bahia Cerva
  • BFBA –Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas
  • Cerva ao Quadrado – Movimento Cervejarias Artesanais do Distrito Federal
  • CervBrasil – Associação Brasileira da Indústria da Cerveja
  • Circula Vidro
  • Contac CUT – Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação
  • Feapar – Federação dos Empregados nas Indústrias de Alimentação do Estado do Paraná
  • Febracerva – Federação Brasileira das Cervejarias Artesanais
  • Fiepa – Federação das Indústrias do Estado do Pará
  • Ibrac – Instituto Brasileiro da Cachaça 
  • Piracerva – Associação das Cervejarias da Região de Piracicaba
  • Polo Cervejeiro da Região Metropolitana de Campinas
  • Polo Cervejeiro de Jundiai e Região
  • Polo Cervejeiro do Alto Tietê
  • Rede Craft Cervejarias Independentes
  • Siaeg – Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Cerveja, bebidas e de Água Mineral do Estado de Goiás
  • Sindbep/PE – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Cerveja e Bebidas em Geral, do Vinho e Águas Minerais do Estado de Pernambuco
  • Sindibebidas/MA –Sindicato das Indústrias de Bebidas, Água Mineral e Aguardente do Estado do Maranhão 
  • Sindibebidas/MG –Sindicato das indústrias de cerveja e bebidas em geral do estado de Minas Gerais
  • Sindibebidas/PR –Sindicato das Indústria de Bebidas do Estado do Paraná
  • Sindibebidas/SC –Sindicato das Indústria de Bebidas do Estado de Santa Catarina
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Porto Alegre
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Jundiaí
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas em Geral de Manaus
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral, Do Vinho, Água Mineral, do Azeite e Óleos Alimentícios, da Torrefação e Moagem de Café de Curitiba e Região Metropolitana e dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Cervejas, Vinhos, Águas Minerais e Bebidas em Geral da Grande São Paulo
  • Sindicerb – Sindicato da Indústria da Cerveja e Bebidas em Geral no Estado da Bahia
  • Sindicerv – Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja
  • SITAC Sitac – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Campinas
  • Sitial – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne e Derivados, Bebidas, Alimentação e Afins de Lages e Região de Santa Catarina
  • Unicerva ZM –Cervejas Artesanais da Zona da Mata, Juiz de Fora – Minas Gerais
  • Uvibra –União Brasileira de Vitivinicultura

Encontro de cervejeiros latino-americanos nos EUA mostra união e força do setor

Com a participação do Sindicerv, a associação Cerveceros Latinoamericanos realizou sua reunião anual em Miami, consolidando a unidade e a força de uma indústria que contribui com US$ 88,6 bilhões para o PIB regional e gera 3,9 milhões de empregos na América Latina e no Caribe.

O encontro, realizado nos dias 12 e 13 de março, conectou líderes cervejeiros de países latino-americanos, que atuaram sob uma visão comum: fortalecer os laços regionais e amplificar a voz unificada do setor em fóruns internacionais. O presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, representou a indústria brasileira no evento.

“Este encontro reafirma nosso compromisso com uma indústria cervejeira latino-americana unida, orientada para o futuro e sustentável”, destacou Tania Ramos Beltrán, Diretora Executiva da associação.

Durante a Assembleia Anual, foi eleita uma nova diretoria para o biênio 2025-2027, cujos nomes refletem a pluralidade geográfica e empresarial do setor, consolidando uma visão integradora que fortalece a voz da indústria cervejeira latino-americana em pilares estratégicos com saúde pública, marco regulatório e sustentabilidade. A Cerveceros foi fundada em 1945 e abrange 22 países da América Latina e Caribe.

Nos workshops e painéis dedicados aos pilares estratégicos, os participantes compartilharam experiências e discutiram planos de ação. Durante o encontro, Márcio Maciel destacou a força da indústria cervejeira brasileira, como o posto de terceiro maior produtor mundial e o impacto da cadeia produtiva no PIB, que chega a 2%, e abordou a reforma tributária em curso no Brasil.

Ainda segundo ele, o encontro nos Estados Unidos contribuiu para o fortalecimento do setor na região e possibilitou uma rica troca de informações.

Estande no Festival Brasileiro da Cerveja destaca números expressivos do setor

O Sindicerv está com um estande em funcionamento na Feira Brasileira da Tecnologia Cervejeira, um dos eventos que integram o Festival Brasileiro da Cerveja, o maior encontro cervejeiro do país.

O espaço compartilhado com Abralatas, Abracerva e Aprolúpulo destaca os números expressivos da cadeia cervejeira, chamando a atenção do público presente ao local. Entre as informações que ilustram o local, estão as seguintes:

  • 2% do PIB nacional
  • 2,5 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos
  • + de R$ 50 bilhões em impostos na cadeia produtiva.
  • Terceiro maior produtor mundial de cerveja, atras apenas de China e EUA
  • 1.847 cervejarias de Norte a Sul do país
  • Previsão de venda de mais de 1,1 bilhão de litros de cerveja sem álcool no próximo ano, segundo projeção da Euromonitor.

O prefeito de Blumenau, Egidio Ferrari e o deputado federal Covatti Filho (PP-RS) estão entre as autoridades que visitam o estande, além de vereadores locais.

Além disso, o Sindicerv vem fazendo uma ação de promoção do consumo responsável, com a entrega ao público de um material com várias dicas para uma experiência que leve em conta a moderação e o equilíbrio.

Serviço:

  • Feira Brasileira da Tecnologia Cervejeira
  • Vila Germânica, setor 1, Blumenau (SC)
  • De 12 a 14 de março, das 13h às 19h

Saiba mais: @festivalbrasileirodacerveja

Frente Parlamentar é lançada durante festival brasileiro da cerveja

Capital brasileira da cerveja, Blumenau (SC) foi palco nesta quarta-feira (12) do lançamento da Frente Parlamentar Mista da Cadeia Produtiva da Cerveja, iniciativa apoiada por quase duzentos congressistas sob a coordenação do deputado federal Covatti Filho (PP-RS).

Em seu discurso, o diretor-presidente do Sindicerv, Rodrigo Moccia, ressaltou que a cerveja é um produto essencialmente local e gerador de cerca de 2,5 milhões de empregos no Brasil ao longo da cadeia e mais de 1,2 milhão de postos de venda.  “A cerveja é natural, local e inclusiva. Geramos emprego e renda na comunidade onde estamos inseridos”, ressaltou.

Como destacou, do campo ao copo este é um setor com grande efeito multiplicador de postos de trabalho nas localidades onde as cervejarias estão instaladas. Para Moccia, com a iniciativa do Congresso Nacional foi dado um passo importante visando fortalecer o setor como um todo.

De hoje até sábado, a cidade catarinense recebe o maior encontro de cervejeiros do Brasil:  o Festival Brasileiro da Cerveja, local da cerimônia de lançamento da frente, que contou com a presença do prefeito de Blumenau, Egidio Ferrari, vereadores e representantes de entidades nacionais da cadeia produtiva da cerveja brasileira.

O deputado Covatti Filho também destacou o impacto positivo da cadeia na geração de emprego e renda e o alto volume de impostos pagos. “Hoje a cadeia produtiva representa mais de R$ 50 bilhões em tributos”, apontou Covatti. Segundo ele, com diálogo junto aos parlamentares via frente será possível contribuir com o setor no Congresso Nacional.

Em seu discurso, o prefeito de Blumenau disse que o segmento deve ser valorizado e ter o seu devido espaço, além de ter ressaltado a tradição cervejeira na cultura e na história do município.  

AGENDA LEGISLATIVA

A iniciativa, que contou com a assinatura de 199 parlamentares, tem como principal objetivo impulsionar a agenda legislativa voltada ao setor cervejeiro, fomentando a produção nacional e fortalecendo sua competitividade no mercado global. 

Além disso, o colegiado poderá promover debates e articular ações e políticas públicas em prol de toda a cadeia produtiva, que envolve vários atores e estágios, desde a produção dos ingredientes até a distribuição e consumo da bebida. Além disso, a frente visa, ainda, aprimorar a legislação, simplificar a tributação, apoiar os produtores de insumos e impulsionar inovações tecnológicas, além de ampliar a presença internacional do setor e promover práticas sustentáveis e o consumo responsável. 

Os números mostram a importância socioeconômica desta indústria para o país, com impactos positivos em setores como agronegócio, logística, energia, transporte e alumínio, dentre outros.

A cadeia produtiva responde por 2% do PIB nacional. O Brasil é o 3º maior produtor mundial de cerveja, ficando atrás apenas dos EUA e da China. De acordo com o Anuário da Cerveja 2024, produzido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, são 1.847 cervejarias operando em 771 municípios, com produção declarada superior a 15 bilhões de litros em 2023. Além disso, o país conta com 45.648 produtos cervejeiros registrados, refletindo a diversidade e o crescimento contínuo do setor.

O FESTIVAL
Realizado anualmente em Blumenau, Santa Catarina, o Festival Brasileiro da Cerveja está na 16ª edição. Este é um dos mais prestigiados eventos do gênero na América Latina. O Sindicerv tem um estande no evento, compartilhado com Aprolúpulo, Abracerva e Abralatas.  

A cidade, que é a Capital Brasileira da Cerveja pela Lei Federal 13.418/2017, reunirá entre 12 e 15 de março centenas de visitantes, produtores e especialistas do mundo todo para celebrar a cultura cervejeira, promover negócios e apresentar tendências. Em paralelo, ocorrem competições, palestras e exposições que fortalecem a troca de conhecimento e o networking na cadeia produtiva. São, ao todo, seis eventos na programação, atraindo visitantes ao Parque Vila Germânica. Em 2025 o festival comemora 20 anos da sua primeira edição. 

ÁGUA: sua importância para a produção cervejeira

O caminho para produzir uma cerveja de qualidade passa por mais do que apenas boas escolhas de maltes e lúpulos: a compreensão sobre a água é um diferencial decisivo. A água, compondo mais de 90% da cerveja, vai muito além de um ingrediente neutro – ela é, na verdade, uma importante base na definição do perfil sensorial de cada estilo.

A composição da água influencia diretamente no equilíbrio de sabores e aromas, na textura, e até mesmo na aparência da cerveja.

A importância da água foi notada e vem sendo estudada há alguns séculos, e seu uso envolve aspectos técnicos e bons conhecimentos sobre química. A composição da água influencia diretamente no equilíbrio de sabores e aromas, na textura, e até mesmo na aparência da cerveja. Cada água utilizada deve ser avaliada e tratada de acordo com a receita específica a ser produzida – toda água tem seu próprio perfil.

Vale lembrar que nem toda água usada na fábrica vai para as panelas e tanques! Para se fazer cerveja, precisamos dela  também em outros setores, como na limpeza e enxágue, produção de vapor, resfriamento, envase, etc. Cada água vai ser diferente, de acordo com a necessidade. E é preciso adotar práticas sustentáveis  ao usar esse recurso, cada vez mais escasso, aproveitando-o da melhor forma possível, além de lembrar que a água, após ser utilizada, é um resíduo e precisa ser tratado adequadamente.

As dimensões da água na cerveja

Em linhas gerais, a água interfere em três aspectos principais: o pH da mosturação, que impacta no rendimento e na percepção dos sabores; o perfil de mineralidade, em particular a relação entre sulfato e cloreto, que afeta o sabor geral da bebida; e a presença de possíveis contaminantes, como o cloro ou matérias orgânicas, que podem causar off-flavors na cerveja final. O controle dessas variáveis permite criar uma experiência gustativa equilibrada e personalizada para cada estilo.

A composição da água para a produção de cerveja pode ser determinada pela sua fonte, mas não necessariamente apenas – tratamento e distribuição são outros fatores. Águas de fontes superficiais tendem a conter menos minerais, mas podem ter maior quantidade de matéria orgânica e contaminantes, enquanto a água subterrânea, mais mineralizada, pode exigir ajustes específicos. A análise química e o tratamento da água em função de seu perfil original são etapas fundamentais, uma prática adotada por gerações de cervejeiros, para alcançar as qualidades ideais da bebida.

O cervejeiro John Palmer é experiente no uso das águas e diz que cada estilo de cerveja responde a um balanço específico de minerais. O cálcio, por exemplo, é um elemento central que contribui para a estabilidade e a clarificação da cerveja, além de ajudar na formação de uma espuma firme e duradoura. Já o magnésio é essencial para a saúde das leveduras, mas deve ser usado com moderação para evitar sabores metálicos.

Além disso, a relação entre sulfato e cloreto na água molda o caráter sensorial da cerveja. Um teor mais elevado de sulfato, comum em estilos como as IPAs, enfatiza o amargor e cria um final mais seco. Por outro lado, um aumento no cloreto acentua o dulçor e o corpo, sendo especialmente desejável em cervejas maltadas, como Brown Ales e Stouts.

A alcalinidade também é um ponto chave, especialmente em estilos claros que exigem pH mais baixo durante a mosturação. Se a água tem alta alcalinidade, a adição de ácidos pode ser necessária para evitar que o sabor se torne áspero. Este ajuste é crucial para manter a qualidade e o equilíbrio do produto final, considerando que a alcalinidade ideal para a maioria dos estilos está abaixo de 100 ppm.

Inspiração dos clássicos: Água e estilos icônicos

Muitos estilos tradicionais de cerveja nasceram das condições naturais da água em regiões específicas. Em Pilsen, na República Tcheca, a água é notoriamente branda e pobre em minerais, o que favorece o frescor e a leveza das Pilsners. Em contraste, a água de Burton-upon-Trent, na Inglaterra, é rica em sulfato de cálcio, um fator que impulsionou o perfil amargo e seco das IPAs. 

Esses exemplos mostram como os cervejeiros usavam as características da água para criar sabores únicos, que ainda inspiram adaptações modernas. Mas mesmo essas regiões famosas ajustavam suas águas, modificando-as de acordo com o resultado final pretendido.

Hoje, graças aos avanços científicos e tecnológicos, é possível replicar ou até melhorar esses perfis de água, ajustando cuidadosamente os níveis de minerais para alcançar a precisão dos estilos históricos ou criar novas interpretações.

Uma cerveja memorável nasce de um conhecimento cuidadoso da água, uma parte fundamental na alquimia que transforma ingredientes básicos em um deleite sensorial”. John Palmer

Sustentabilidade da água na indústria cervejeira

A sustentabilidade da água no processo de produção de cerveja é um tema crucial para a indústria, especialmente em um cenário global cada vez mais preocupado com os impactos ambientais. A água, sendo um dos principais ingredientes da cerveja, é também um dos recursos mais consumidos nas cervejarias, sendo essencial pensar em estratégias de uso responsável e em soluções inovadoras, que possam garantir a continuidade da produção sem comprometer o meio ambiente. A indústria tem pensado em soluções e agido com tecnologia e pesquisa. Cervejarias de todos os tamanhos têm opções de como podem contribuir para reduzir, reutilizar e reciclar água. Cada vez mais, a consciência ambiental não é apenas um olhar no futuro, mas uma lente necessária no presente para garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Alguns pontos importantes, que já sabemos que ajuda na redução do uso da água:

  1. Relação de consumo sendo revisada e novos protocolos criados;
  2. Tecnologias de reciclagem e reuso de água;
  3. Tratamento de águas residuais;
  4. Inovação no uso de água e sustentabilidade com novas tecnologias.

O alquimista cervejeiro e a água

Produzir uma cerveja excepcional envolve dominar a arte de ajustar a água, integrando conhecimento técnico a uma sensibilidade criativa. O(a) cervejeiro(a), ao estudar as necessidades de cada estilo de cerveja, deve aprender a manipular a água para destacar sabores e texturas, usando os minerais como “temperos” que não só complementam, mas conduzem a bebida a um nível superior. Afinal, cada gole é uma celebração da alquimia entre ingredientes, em que a água deixa de ser um mero suporte e se torna uma verdadeira protagonista.

Saiba mais: Fontes

Novo site do Sindicerv está no ar, com novo design e mais conteúdo cervejeiro

Após passar por um processo de modernização e atualização, o novo site do Sindicerv está no ar. Mais do que uma mudança estética, marcada por novas fontes e esquemas de cores, a página ganha também na qualidade do conteúdo, com a publicação de mais conteúdo sobre o universo da cerveja.

Com isso, quem visitar o site poderá ter acesso a uma série de dados e informações sobre temas como história da cerveja, como ela é feita, números do setor e estilos cervejeiros. Nas próximas semanas, mais conteúdos serão publicados, abordando temas como ingredientes, cerveja e gastronomia, harmonização e países cervejeiros.

Adaptado a dispositivos móveis, o site também traz notícias sobre a atuação do Sindicerv e o conteúdo institucional, como o perfil da diretoria e dos integrantes da equipe no escritório de Brasília. Informações sobre as associadas também estão lá, assim como links para ações envolvendo consumo responsável e sustentabilidade. Navegue e confira!

Previsão para cerveja sem álcool no Brasil ultrapassa 1 bilhão de litros em 2026

A cerveja zero álcool está ganhando cada vez mais espaço no gosto do consumidor brasileiro, com crescimento ano a ano no mercado desse produto.

Se as projeções da consultoria Euromonitor para 2026 se confirmarem, o país vai atingir a marca de 1,1 bilhão de litros comercializados. Para se ter uma ideia de comparação, em 2018, o número foi de 133 milhões de litros. A estimativa para este ano chega a 983 milhões de litros, enquanto no ano passado foi de 752,5 milhões.

Em entrevista ao jornal “O Globo”, o presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, destacou os investimentos expressivos promovidos pela indústria nos últimos anos em novas tecnologias envolvendo as cervejas sem álcool. “Hoje, a cerveja zero é produzida normalmente, e é adicionado um processo final extra para evaporação do álcool”, explicou.

Graças a uma série de inovações nos últimos anos, o público que busca ingerir menos álcool ou até cortar o seu consumo em virtude do estilo de vida passou a ter mais opções disponíveis e com sabores parecidos com a versão original. Todo esse cenário permite uma ampliação das possibilidades de consumo, como no horário de almoço em uma dia da semana.

Presidente-executivo do Sindicerv faz balanço positivo de 2024

O presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, apontou marcos importantes na atuação do Sindicerv em 2024, ano em que o sindicato completou 76 anos de fundação. “Foi um ano de muito trabalho, com acontecimentos muito importantes para o Sindicerv e para todo o setor cervejeiro”, resumiu Maciel.

A aprovação da regulamentação da reforma tributária (PLP 68/2024) foi um dos pontos de destaque. “O texto acatado por deputados e senadores vai trazer para o Brasil o melhor modelo de tributação para bebidas alcoólicas, que é de tributação progressiva por teor alcoólico”, destacou o presidente-executivo, que aponta também a aprovação de uma regra de transição e de um tratamento diferenciado para pequenos produtores de bebidas.

“Isso conversa muito com o que fizemos no Sindicerv ao longo do ano, quando mais do que dobramos o número de associados em relação a 2023, chegando a nove, com o ingresso de Louvada, Inbepa, Colombina, Philipeia e Stannis. Conseguimos trazer uma reforma tributária que fala com todo o setor cervejeiro”, ressaltou. O texto seguiu para sanção presencial.

Na área de sustentabilidade, Márcio Maciel destaca a entrega do primeiro relatório de reciclagem de vidro dentro da Circula Vidro, a entidade gestora de logística da qual o Sindicerv faz parte. “Atingimos a meta estabelecida, mas o desafio é muito grande e vamos fazer muito bonito nos próximos anos”, assegurou.

Outro ponto destacado foi aquele considerado como destaque de inovação do setor nos últimos anos: a cerveja zero, que registra crescimento expressivo ano após ano. Em 2024, foram cerca de 750 milhões de litros vendidos no Brasil. “A cerveja zero é uma opção para aquelas pessoas que querem participar de celebrações mas não podem ou não querem consumir álcool naquele momento”, exemplificou.

Segundo ele, o crescimento do consumo deste produto e dos portfólios à disposição do consumidor mostra que a indústria cervejeira é aliada da moderação e está preocupada em apresentar opções sem álcool para os seus consumidores maiores de 18 anos.

A divulgação da pesquisa “Principais Desafios do Mercado Cervejeiro”, em parceria com o Guia da Cerveja, e do Anuário da Cerveja, junto com o Ministério da Agricultura, também foram acontecimentos importantes de 2024. “Esperamos que em 2025 tenhamos mais conquistas”, concluiu Maciel.

Reforma tributária é sancionada com novo modelo para bebidas alcoólicas

Em cerimônia realizada nesta quinta-feira (16) no Palácio do Planalto com a presença do Sindicerv, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que regulamenta a reforma tributária do consumo. Aprovada no ano passado no Congresso Nacional, a nova legislação simplifica e moderniza o atual sistema brasileiro. A Lei Complementar n° 214 foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da União no mesmo dia da sanção.

No que diz respeito ao imposto seletivo, uma das principais novidades da nova legislação, o modelo que será aplicado no Brasil segue as melhores referências internacionais. O tributo incidirá de forma progressiva de acordo com o teor alcoólico, como ocorre em dezenas de países, a exemplo dos EUA, Reino Unido, Alemanha e França. Recomendado por entidades de referência em nível global – como OMS, OCDE, FMI e Banco Mundial – este padrão de tributação é considerado fundamental para reduzir o uso nocivo do álcool.

Também está na lei uma regra de transição para o novo regime tributário sem bitributação e um tratamento diferenciado para pequenos produtores de bebidas como cerveja, vinho e cachaça, beneficiando a indústria nacional e os negócios locais.

“Esta legislação traz para o Brasil o melhor modelo de tributação para bebidas alcoólicas, com diferenciação por teor alcoólico, além de mecanismos para implementação gradual do imposto seletivo entre 2027 e 2033 e regras diferenciadas para os pequenos produtores. A indústria cervejeira brasileira esteve unida desde o começo dos debates sobre a regulamentação e defendeu conjuntamente essas propostas”, avaliou o presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, que esteve presente à cerimônia de sanção no Palácio do Planalto.

PARTICIPAÇÃO EFETIVA

O sindicato participou ativamente da discussão do PLP 68/2024, inclusive em audiências públicas no Congresso realizadas em 2024. Márcio Maciel foi expositor em audiências públicas no grupo de trabalho da RT da Câmara (24/6) e nas comissões de Assuntos Econômicos (9/10) e de Constituição e Justiça do Senado Federal (25/11). Além disso, participou em 1º de março de um seminário na Câmara promovido por frentes parlamentares.

Nessas ocasiões, Maciel destacou, dentre outros pontos, a importância econômica e social da indústria da cerveja para o país e alertou para a alta carga tributária incidente sobre o produto, que chega a chega a 56% para o consumidor final – a maior da América Latina. Ao longo dos debates, a indústria cervejeira atuou unida em defesa do melhor modelo para o país.

Com a sanção da lei, o próximo passo no que diz respeito ao imposto seletivo é o envio ao Congresso, pelo Poder Executivo, de um projeto de lei com a definição das alíquotas. A expectativa é de envio do PL ainda neste semestre.

Associada ao Sindicerv vence prêmio de melhor cerveja do Brasil em concurso

Associada ao Sindicerv, a cervejaria Stannis recebeu a medalha de ouro Best of Show na 4ª Copa Cerveja Brasil, promovida pela Abracerva, a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal. O resultado foi recebido com festa pela cervejaria sediada em Jaraguá do Sul (SC).

A Alma Mater foi considerada a melhor do concurso pelo júri especializado Os resultados foram divulgados no último dia 6 na sede da Academia da Cerveja, em São Paulo. A competição é composta por cinco etapas regionais que classificaram 268 rótulos para a grande final nacional.

“Estamos construindo nossa história em um mercado extremamente profissional e competitivo como o Brasil, que abriga algumas das melhores e maiores cervejarias do mundo”, destaca Denis Torizani, CEO e sócio fundador da Stannis, que celebra a conquista de mais de 130 medalhas em competições nacionais e internacionais.

A campeã é uma bebida clara de fermentação mista, resultado de uma base de blond ale fermentada com levedura convencional e brettanomices que já havia recebido medalha de ouro em sua categoria da Etapa Sul do concurso.

Os rótulos que receberam medalha de ouro na etapa final ganharam inscrições para representar o Brasil na World Beer Cup, uma das mais prestigiadas competições do mundo, promovida nos Estados Unidos pela Brewers Association.

Ao longo de 2024, foram realizadas etapas regionais em Salvador (Nordeste), São Paulo (Sudeste), Brasília (Centro-Oeste), Belém (Norte) e Porto Alegre (Sul). Ao todo, 137 cervejarias de 89 cidades de 21 estados e do Distrito Federal inscreveram 1060 amostras que receberam avaliação técnica de 90 jurados.
(Com informações da Abracerva)